sexta-feira, 10 de julho de 2009

A MANILHA VAI SECA (52): Hum… pois, sei… estou a ver… sim, é “o PS de António Costa”

José Sá Fernandes, advogado e vereador independente na Câmara de Lisboa, admitiu uma convergência com “o PS de António Costa” nas próximas Eleições Autárquicas, caso o actual edil alfacinha aceite as propostas da Associação Cívica «Lisboa é Muita Gente».

Hum…

Pois é, o Sá Fernandes disse “o PS de António Costa”. Expressão interessante. Especialmente, quando ainda está na moda a expressão “o PS de José Sócrates”.

Pois, ainda está na moda. Mas, vai na volta, pode deixar de estar. Especialmente, se “o PS de José Sócrates” perder as eleições. Nesse caso, podemos ter “o PS de António Costa”.

Porque não?

O que eu sei é que, volta e meia, “o PS de António Costa” se lembra de criticar “o PS de José Sócrates”, isto apesar de António Costa já ter integrado o Governo de José Sócrates (e de ambos terem sido colegas nos Governos de António Guterres). Sei que a moção apresentada pelo movimento de Carmona Rodrigues, a criticar a exclusão da edilidade alfacinha da administração do Metropolitano de Lisboa, foi aprovada também com os votos do PS, sendo que António Costa aproveitou a deixa para atacar Mário Lino, seu antigo colega de Governo. Sei também que António Costa já critica a Lei das Rendas, ele que a defendeu nos tempos em que era ministro do Governo que agora ataca.

Tudo isto para chegarmos a um ponto: António Costa começa, lenta e eficazmente, a demarcar-se do Governo que outrora integrou.

Mas… porque o faz? Bem, se António Costa tem espírito auto-crítico, decerto reconhecerá que, como ministro da Administração Interna, foi uma verdadeira lástima e uma das piores coisas que já aconteceu a esta tutela (as razões que me levam a afirmar tal coisa seriam merecedoras de outro post). Mas, sobretudo, parece-me estar em causa uma absoluta falta de crença de Costa numa vitória do PS nas próximas Legislativas; sendo assim, e jogando no seguro, o edil de Lisboa opta por se demarcar de um Governo em nítida queda, ao qual, curiosamente, já pertenceu. José Sócrates? Não conheço esse senhor e nunca me foi apresentado…

Contudo, tenho cá um dedinho que me diz que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa está mais interessado noutros voos. Sentindo próxima a queda de José Sócrates, Costa começa a distanciar-se do Governo e do rumo por ele tomado tendo em vista um eventual assalto à liderança do PS, isto no caso de Sócrates ser derrotado a 27 de Setembro (o que implicaria a demissão voluntária do actual líder socialista).

Tudo isto são meras suposições, análises feitas em cima de quase nada. Mas aquele “o PS de António Costa”, dito por Sá Fernandes, soou-me a profético. Vai na volta, sou eu que estou a ver pestanas em ovos…

… ou não.

2 comentários:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Dr.Mento

Esta análise muito realista, e muito provável, faz-me lembrar a célebre frase do não menos célebre Napoleão Bonaparte quando foi derrotado na RÚssia: "Hão-de atirar-me à cara esta falta para justificarem o terem-me voltado as costas".
Os ratos a abandonarem o barco quando prevêem que se afunde e a demarcarem-se do capitão a quem antes lambiam as botas, metem-me nojo, simplesmente.
Só por isso, até simpatizo com o Sócrates que não está lá com o meu voto e por quem nunca morri de amores.

Abraço

(Estou a aguardar com expectativa que o Dr.Mento responda ao desafio proposto pelo blogue "Há Vida Em Marta". Vejo que também foi contemplado. Eu irei inspirar-me talvez hoje ou amanhã.)

Pata Negra disse...

Fica a impressão que só não foram da outra vez porque não foram convidados!
È preciso não esquecer que este António Costa foi o tal que precisou dos idosos de Carrazeda de Ansiães e outros locais para cantar a vitória. Esse gesto -lembram-se da entrevista aos idosos a quem ofereceram um excursão à Ericeira e acabaram em Lisboa com bandeiras do PS na mão?! - para mim não diz muito, diz tudo!
E, no entanto, os ventos correm de feição a António, sopra Sá Fernandes, sopra Carlos do Carmo, sopra Roseta, sopra Saramago... tão estranho!... e, no entanto, Lisboa continua envolta em xuxalismo...
Um abraço longe... longe