
Ao longo da vida, não poucas vezes considerei que, entre o Ensino Superior e a realidade propriamente dita, distava um mundo inteiro. Mas, sinceramente, não esperava que o homem que tutela esta área estivesse ainda mais distante da realidade.
O que sucede é que muitos cientistas portugueses são, na verdade, meros bolseiros, que investigam a troco de um punhado de moedas. Muitos não usufruem dos tradicionais direitos e regalias que são atribuídos aos demais trabalhadores (falo, por exemplo, dos comuns subsídios ou descontos para a Segurança Social), sendo relegados para a mera condição de precários. Para muitos investigadores, dar aulas é a única solução para poderem usufruir daquelas regalias mínimas que permitem a alguém fazer aquelas coisas básicas, como comprar uma casa, adquirir um carro, ter filhos… e por aí adiante. Mas quem opta pelo ensino, não pode, de forma alguma, ser cientista a tempo inteiro, porque o dia não tem 48 horas e o cérebro necessita de uns bons 480 minutos diários de descanso.
Se, em Portugal, tratamos os nossos investigadores como merda, não esperemos que haja muita gente a querer enveredar por este caminho… pelo menos, neste país cada vez mais mal frequentado.
Por isso, Mariano, se queres mesmo ter muitos cientistas em Portugal, experimenta, antes de tudo o mais, viver uns seis meses a recibos verdes, com um ordenado substancialmente inferior àquele que auferes pelo teu cargo e sem as devidas regalias que te atribuem. Depois, logo conversamos…
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