sábado, 4 de julho de 2009

A MANILHA VAI SECA (45): Cornos, bebés na incubadora, cubanos e a razão de ser de todos os que não querem escrever sobre a última ida à praia

Nos últimos dias, Manuel Pinho tem sido o assunto central da esmagadora maioria dos blogues que se dedicam a temas de índole política (com excepção de alguns, fundamentalmente ligados ao PS, que sentiram um enorme incómodo em falar sobre o episódio). Todos criticam Manuel Pinho (também o fiz), todos qualificam o gesto dos cornos como sendo inqualificável, todos dizem mal, todos esmagam o senhor.

Mas digam-se só uma coisa: Não são as figuras como Manuel Pinho a razão principal de ser de muitos blogues? Não são as figuras como Manuel Pinho que dão assunto a muitas e muitas colunas de opinião em jornais e revistas, sejam elas escritas por jornalistas ou não?

Isto para dizer que Manuel Pinho foi uma figura de renome na blogosfera. Foram mil as graçolas, gafes e atitudes irreflectidas, foram milhões os posts sobre o assunto. Mas nós, que escrevemos, necessitamos de temas que nos inspirem e Manuel Pinho era uma das nossas musas, uma das fontes de inspiração dos que gostam de criticar (e eu sou um deles).

Imaginem um país sem Manuel Pinho e os seus cornos. Imaginem um país sem Manuela Moura Guedes e a sua bocarra vociferando a justiça do quarto poder segundo uma interpretação demasiado particular da informação. Imaginem um país sem Marinho Pinto, de dedo em riste, vociferando contra Manuela Moura Guedes e a sua interpretação demasiado particular da informação. Imaginem um país sem Santana Lopes e as suas santanices (neologismo criado em homenagem aos disparates ditos e feitos pelo senhor). Imaginem um país sem os equívocos de Mário Lino. Imaginem um país sem as declarações homofóbicas, racistas e anti-democráticas de Manuela Ferreira Leite. Imaginem um país sem o «tou-me cagando» de Manuel Vilarinho. Imaginem um país sem as fanfarronices de Valentim Loureiro. Imaginem um país sem os discursos inacreditáveis de Alberto João Jardim em Chão de Lagoa, em Porto Santo ou noutro sítio qualquer onde Baco, as ponchas e as nikitas o inspirem. Imaginem um País sem as noções democráticas de Bernardino Soares. Imaginem um País sem José Eduardo Martins a chamar palhaço a José Sócrates ou a mandar Afonso Candal para o caralho.

Imaginem.

Imaginem que todos os políticos tinham um discurso polido, bem estudado, auto-elogioso e positivo como o de José Sócrates. Seriam um país bem chatinho, não seria?

Para o bem e para o mal, figuras como Manuel Pinho ajudam-nos a escrever algo sobre algo, dão motivo aos nossos talentos, dão-nos ânimo, dão-nos inspiração. Se não fosse esta gente, os nossos blogues seriam algo do género: “Hoje fui à praia e estava lá montes de gente. À noite, fui ao Lux com os amigos e amigas. Tenho uma vida muito feliz e contente”.

ARGH!

Pinho, WE FUCKING LOVE YOU!

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