quinta-feira, 30 de julho de 2009

A MANILHA VAI SECA (68): Um metro de puro nojo

Quase nem nos apercebemos, mas as redes de transportes públicos, para além de servirem directamente as populações, são também um símbolo de desenvolvimento e de orgulho para uma cidade. Aliás, isto é de tal modo verdade que, durante largos anos, havia um complexo de superioridade de Lisboa em relação ao Porto (e de inferioridade no sentido inverso) por causa do metropolitano.

A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, tem sido o rosto do Governo no que toca à expansão das redes de metropolitano. Está presente em todos os anúncios oficiais e, discretamente, realiza as suas acções de propaganda a favor do Governo, mostrando como este Executivo é moderno e evoluído, apostando na expansão do metropolitano, esse símbolo do urbanismo e da modernidade.

Só que, meus amigos, esta Manilha vai seca e os trunfos que saltam são só duques, ternos e quadras.

Lembro-me de, no início de 2008, Ana Paula Vitorino ter anunciado a extensão da Linha Azul do Metropolitano de Lisboa até à Reboleira, num evento onde aproveitou também para falar da futura linha de metropolitano de superfície a unir os concelhos da Amadora e de Odivelas, ambos já servidos pelo metro alfacinha. Curiosamente, neste evento, ninguém mencionou a questão das datas, pelo que posso ter a esperança de que esta linha possa vir a ser utilizada pelos meus netos… que só nascerão daqui a muitos, muitos anos (ainda sou demasiado novo para ser avô).

Mais recentemente, veio o anúncio da chegada do metropolitano ao concelho de Loures. Na verdade, tal já estava previsto há muito tempo, uma vez que a expansão da Linha Vermelha entre o Oriente e o Aeroporto irá dar origem às estações da Encarnação (em Lisboa) e de Moscavide (que já pertence a Loures). Mas, neste caso, o anúncio referia-se à chegada da Linha Vermelha a Sacavém e da Linha Amarela ao Infantado… em 2014 e 2015, respectivamente. Ou seja, mesmo que o próximo Governo seja do PS, este não verá a conclusão das duas linhas acima citadas.

E já que o metro anda nas horas, é chegada a vez de Ana Paula Vitorino (sempre ela) anunciar que a Linha Azul vai atingir o Hospital Amadora-Sintra em 2015, num projecto que vai dar também origem às estações da Atalaia e Amadora-Centro.


Ainda não perceberam onde quero chegar, pois não?

Ora bem, vejamos quem são os edis dos municípios abarcados por todos estes projectos. Na Amadora, reina um socialista, Joaquim Raposo. Em Loures, é rei e senhor o vaidoso do bigode lustroso, Joaquim Teixeira, também ele do PS. Já em Odivelas, temos como edil uma senhora, Susana Amador… que, surpresa, é do PS. Ou seja, temos muitas obras do futuro para beneficiar concelhos geridos por socialistas, mas ninguém equaciona, em tempo algum, expandir o Metropolitano de Lisboa para o concelho de Sintra, que bem pode ser o mais populoso do país, mas que tem de pagar pelo facto de ser gerido por um social-democrata: Fernando Seara. Mete nojo, não mete?

Mas para que não seja só o PS a meter nojo, aqui vai outra história deste género. Já que falamos de Fernando Seara, convém lembrar que este careca sorridente tem o curioso hábito de favorecer certas freguesias em detrimento de outras. As outras, as menosprezadas, são as que se atreveram a votar no PS, quando, em Sintra, quem manda é a coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT. Lembram-se da escola básica em Monte Abraão cujo tecto ruiu a meio de uma aula? Pois é, a escola tinha um ano (sim, leram bem) e foi o único investimento visível deste executivo camarário numa freguesia onde a presidente da Junta, a socialista Maria de Fátima Campos, é totalmente hostil a Fernando Seara.

Percebem agora porque é que digo que sinto nojo dos partidos? Por muito que haja pessoas de valor aqui e ali, as lógicas de conquista de poder acabam por engolir as poucas coisas boas que vão sendo feitas, atirando os cidadãos para um pântano de incredulidade e nojo.

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