segunda-feira, 20 de julho de 2009

CARTAS MARCADAS (3): Ana Jorge

"Querida Aninhas:

Espero que esta carta te vá encontrar, a ti e aos teus, de boa saúde. Afinal, de saúde percebes tu ou não fosses tu a mulher que trata da saúde aos portugueses. Pelo menos, é o que dizem…

Bem sei que há muito que não dou notícias, mas, sabes, lembrei-me de ti no outro dia, enquanto via um filme em casa com os gaiatos. Estava muito bem a ver o Madagáscar 2 quando, de repente, chego àquela cena em que o Melman, a girafa hipocondríaca, descobre que as girafas do Quénia não têm médicos. “E então, como é que fazem quando têm uma gripe?”, pergunta ele, ao que lhe respondem: “Vamos para os morredouros… e morremos”.

Ora, tu, que passas a vida a lutar contra as farmácias, os farmacêuticos, a indústria farmacêutica, as associações de farmácias, as associações da indústria farmacêutica, os consumidores de fármacos e sabe-se lá mais quem, estás de mãos e pés atados por causa da porcaria da Gripe A. Queres dizer à malta que está tudo bem, que não se passa nada e que não há motivos para alarme, mas a porra da gripe anda nas horas e tu ficas com cara de tacho. Se alguma criancinha bate a bota antes das eleições por causa da Gripe A, o teu amigo Sócrates bem pode dizer adeus ao Governo e aos tachos todos, que mais ninguém vota no PS. Desconfio que até o Berloque de Esquerda vos passa à frente.

Mas sei que estás lixada com esta merda toda. Queres que os gajos dos medicamentos se vão todos foder, mas a malta, à rasca, quer toda emborcar Tamiflu e vacinas e o raio mais que as parta. Ou seja, vai tudo dar carcanhol às farmácias a às farmacêuticas, que é o mesmo que engordar gulosos. Bem fizeste tu, que não arranjaste vacinas para toda a gente, nem as deixas à disposição desses maricas antes da altura crítica das gripes. Esses panascas deviam era ter vivido nos tempos do Doutor Salazar, quando a malta era rija e ia trabalhar para o campo com as gripes todas de A a Z - se morressem, paciência.

Além do mais, Tamiflu rima com cú. Cheira-me a uma boa merda…

Essa malta que arranjou a porra da Gripe A devia era fazer como as girafas: Escavavam um morredouro, metiam-se lá dentro com a cabeça de fora e morriam. Simples, pá, simples. Pronto, acabava-se logo a Gripe A. E vai na volta, morriam também uns quantos desempregados e já não davam tantas dores de cabeça ao Viera da Silva, que arranca os poucos cabelos que tem a tentar arranjar umas novas fórmulas estatísticas que lhe permitam fazer desaparecer com mais uns quantos milhares de gajos e gajas das listas oficiais do desemprego.

Olha, agora que digo isto, vou mas é escavar o meu morredouro, para quando apanhar a Gripe A. Se quiseres, escavo um para ti também, que és uma gaja fixe e até nem deixas os panascas darem sangue. Esses mariconços que vão mas é dar sangue à mãezinha deles. Mas não faças mal às fufas, que todo o homem gosta de ver duas gajas a paparem-se uma à outra e o sangue delas não deve fazer mal algum. Paneleiros é que não! Que nojo!

Olha, amiga, vou ter que ir. Resta-me desejar-te felicidades e que apanhes a Gripe A quanto antes, que, nestas coisas, mais vale despachar já o assunto. Ainda para mais, lá para o final de Setembro, vais ter trabalho que não acaba mais a arrumar as tuas coisas no Ministério da Saúde. Não te preocupes, que, se souber de algum emprego para ti, eu telefono, mas já sei que menos do que administradora não executiva na Caixa Geral de Depósitos não te serve.

Muitos beijinhos sem máscara,


Dr. Mento”

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