domingo, 26 de julho de 2009

CARTAS DO QUINTO NAIPE (4): Nós e o Universo

(Mais uma dose de nostalgia pura)

Desconheço que sentimento de nostalgia se terá apoderado de mim, mas o que é certo é que, nos últimos tempos, andava dominado por um desejo irresistível de voltar a abrir um livro que, de certa forma, marcou a minha infância. Confesso que o julgava perdido para sempre e até já tinha equacionado a possibilidade de procurar um exemplar nalgum alfarrabista ou, quem sabe, no e-bay, onde tudo se compra e tudo se vende (menos a própria mãe). Felizmente, o dito livro não estava perdido e, quase por milagre, encontrei o meu «menino» na casa da minha mãe - e sem qualquer esforço.

O título completo é pomposo: Nós e o Universo - Da imensidão do espaço aos píncaros das montanhas às entranhas da Terra e ao fundo dos mares. O título original, em inglês, não é menos simples: About the big sky, about the high hills, about the rich earth ... and the deep sea (só encontrei a capa deste, mas a da edição portuguesa é bastante semelhante). O autor é o Joe Kaufman e a edição original é de 1978; em Portugal, a Verbo editou-o somente em 1982.

Muitos foram os livros infantis que me passaram pelas mãos, mas este foi dos que mais gostei. As informações eram bastante completas para um livro infantil (apesar de algumas, como as referentes a Plutão, estarem já desactualizadas), os textos eram apelativos, os conteúdos eram ricos e interessantes e as ilustrações bem simpáticas (os bonecos estavam sempre a sorrir, o que ajuda a cativar qualquer um).

Os planetas, as estrelas, o Sol, a Lua, a Gravidade, o ar, o tempo, as nuvens, os relâmpagos, os trovões, os tornados, os furacões, as tempestades de neve, as estações do ano, o clima, as planícies, os montes, os planaltos, as montanhas, os desertos, as árvores, as florestas, as selvas, as zonas polares, os continentes, o subsolo, as grutas, as rochas, os minerais, os cristais, a água, os oceanos - tudo isto e muito mais estava lá, bem explicado e de forma a cativar a criança que há muito deixei de ser (ou não). Brilhante, no mínimo.

Não sei se, hoje em dia, já não se fazem livros assim. Quero acreditar que sim, que o meu filho também terá algo como um Nós e o Universo actualizado e adaptado ao século XXI. Se não tiver, o pai empresta-lhe o dele.

1 comentário:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Dr.Mento
Fico feliz por saber que a sua sensibilidade é tão profunda como revela na sua ligação ao livro da sua infância "Nós e o Universo".
No mundo presente, plastificado e digitalizado, os sentimentos morrem no consumismo selvagem. Os valores perdem-se e as crianças deixam de brincar como crianças.
Ainda bem que se encontra quem tenha referências como as que descreve.

Abraço