quarta-feira, 1 de julho de 2009

ESPADAS QUE PICAM (11): Esses fascistas da GNR que durmam numa cela cheia de ratos!

A fazer fé numa denúncia do deputado social-democrata José Manuel Ribeiro, as instalações da GNR de Anadia são do mais terceiro-mundista que há, sendo o retrato mais triste das condições em que trabalham as nossas forças de segurança. Muito nos queixamos do clima de insegurança que reina por todo o país e não raras vezes lamentamos a falta de acção das forças de segurança. Contudo, dentro da PSP e da GNR, há verdadeiros heróis que trabalham em condições que não seriamos capazes de dar ao nosso cão.

Isto para dizer que, nas instalações que agregam o Posto Territorial de Anadia, bem como o Destacamento Territorial que abrange os concelhos de Anadia, Mealhada e Oliveira do Bairro, os militares da GNR dormem… numa cela. Segundo um parecer da Inspecção-Geral da Administração Interna, a dita cela não tinha condições para albergar reclusos, mas, como as instalações da GNR de Anadia estão em obras, a cela passou a acolher militares da Guarda, que dormem quatro de cada vez num espaço que nem para reclusos servia (faço notar que a cela não teve obras de requalificação). Ou seja, os militares da GNR são tratados abaixo de detido.

E este é apenas um de muitos exemplos anedóticos que existem um pouco por todo o país e que revelam as condições lastimáveis das nossas forças de segurança. É certo que, volta e meia, o Ministério da Administração Interna faz uma operação de charme e chama a imprensa para mostrar as novas viaturas que vai atribuir à GNR ou à PSP, mas ignora que, em certas esquadras e postos, há viaturas novas paradas, porque não há verba para levar os ditos carros à revisão.

Bem sei que a GNR e a PSP estão longe de serem perfeitas e sei perfeitamente que acolhem, no seu seio (ou seios), algumas maçãs podres. Contudo, como não desejo ver o caos e a desordem a tomarem conta das ruas, continuo a achar que as forças de segurança ainda servem para alguma coisa (nem que seja para evitar que as nossas casas e carros passem a ser assaltados dia sim, dia sim).

Depois de sete anos de Ditadura Militar e de 41 de Estado Novo, resiste, na mente dos portugueses, uma aversão doentia à autoridade, como se um elemento das forças de segurança fosse, antes de tudo o mais, um agente da ditadura, da autocracia, da privação de liberdades e direitos (dos nossos, pois claro). De certa forma, esse pensamento chega às próprias classes dirigentes, que continuam a achar que, quanto menos se investir nas forças de segurança, menos se investe na ditadura de uma coisa chamada Lei, que, convenhamos, nem sempre nos dá muito jeito (e dizem que a muitos políticos, ainda dá menos jeito).


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