sexta-feira, 17 de julho de 2009

A MANILHA VAI SECA (55): A poncha que leva fel em vez de mel

Alberto João Jardim cumpre, presentemente, o seu derradeiro (será?) mandato à frente do Governo Regional da Madeira. Como tal, estamos a falar de uma figura que, em termos de carreira política, já nada tem a ganhar ou a perder, após, no ano passado, ter equacionado uma candidatura à liderança do PSD, que, como logo percebeu, nunca seria vencedora.

Diabolizado por uns, idolatrado por outros, Jardim é uma das mais estranhas criaturas que algum dia ocupou um lugar de topo na vida política portuguesa. E isso explica um conjunto recente de atitudes de Mr. Madeira, que, fingindo ser um solícito social-democrata sempre pronto para ajudar o partido, decidiu, isso sim, fazer a vida negra aos seus companheiros. Basicamente, Jardim anda numa de “estou-me a cagar para isto tudo” e, no âmago do seu ser, sentiu chegada a hora de uma pequena vingança contra Manuela Ferreira Leite, a mulher que lidera o PSD nacional e que venceu umas eleições que ele nunca conseguiria ganhar.

Todos sabem que Alberto João Jardim odeia comunistas e que, se pudesse, mandaria matar todos os militantes do PCP. Todos sabem que Alberto João Jardim gostaria de fazer da Madeira alguma coisa como um jovem, que vai morar para a sua própria casa e faz vida de independente, jamais autorizado que os pais se metam na sua vida, mesmo quando são os progenitores a pagar todas as contas.

Até aqui, Jardim conteve-se nas suas palavras. Nunca pediu que a Constituição proibisse o comunismo ou que o representante da República Portuguesa na Madeira deixasse de existir. Mas agora, o velho folião está-se a cagar para o que possam pensar e diz o que bem lhe dá na gana, ao ponto de defender o comboio de alta velocidade, quando se sabe que Manuela Ferreira Leite diz que esse é um projecto para abandonar.

As referências à suposta abolição do comunismo foram cirurgicamente escolhidas por Jardim, que (alegadamente) dá enormes provas de falta de tacto democrático… justamente no partido onde a líder, numa gafe descomunal, referiu a suspensão da democracia por seis meses em Portugal (sei o sentido das palavras da senhora na altura e sei que não era isto que ela queria dizer, mas foi esta a impressão que passou para a opinião pública). Ao mesmo tempo, numa altura em que o PSD esconde os velhos sinais de desunião depois da vitória nas Europeias (os sabujos do costume já sentem o cheiro a tacho), vem Jardim desdizer o que diz Ferreira Leite, fazendo ressurgir o fantasma do partido onde todos enfiam facas nas costas uns dos outros.

Trocando tudo isto por miúdos, Jardim está a ser um grande filho-da-puta. E até tremo ao pensar que discurso o velho gordo e feio fará em Chão da Lagoa, quando tiver Manuela Ferreira Leite ao seu lado. É que, por acaso, quando discursa na festa do PSD/Madeira, Jardim nunca está sóbrio. Longe, disso.

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