quinta-feira, 23 de julho de 2009

A MANILHA VAI SECA (62): O (outro) perigo da regionalização

O PS vai revelando, a conta-gotas, o seu programa eleitoral para a próxima legislatura. A bancada parlamentar socialista voltou a reforçar que o tema do casamento entre pessoas do mesmo sexo vai figurar no programa do PS, tal como a criação de cinco regiões administrativas.

A regionalização é um tema razoavelmente bem escolhido para este programa, até porque o PSD não pode atacar a ideia (caso contrário, Alberto João Jardim seria chamado à baila) e o PCP até é a favor. O problema é bem outro. Em 1998, quando esta questão foi levantada pelo Governo de António Guterres, o homem dos mil diálogos decidiu levar a regionalização a referendo… e viu a ideia derrotada. Se Sócrates insistir em avançar com a regionalização pela via legislativa, sem direito a consulta popular, vai, decerto, ser acusado pela oposição de ser anti-democrático e de se estar nas tintas para o sufrágio popular (se bem que, ao incluir este tema no seu programa eleitoral, o PS está, em parte, a sufragá-lo). Mesmo aqueles que defendem a regionalização, não vão deixar de atacar o PS pela ausência de referendo e haverá mesmo quem se lembre do caso da ASAE, que, airosamente, se escapou ao crivo dos deputados da Nação e acabou ferida de inconstitucionalidade.

Sócrates já deveria ter percebido que a sua fúria reformista, mesmo que tenha toda a razão do Mundo (e, às vezes, tem alguma) não pode ser feita à custa de tudo e de todos. Estamos em democracia e, neste sistema político, um partido que deixa uma bola a saltar na área, arrisca-se a sofrer golo.

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