domingo, 5 de julho de 2009

JOKER (6): Uma ideia genial para arranjar 55 milhões de euros num abrir e fechar de olhos

Morreu.

Esticou o pernil, foi desta para melhor, empacotou, bateu a bota, aviou as malas, quinou, deu-lhe o badagaio, foi para a terra da verdade, virou presunto, faleceu.

Há lágrimas, caixão, flores, roupas negras, cadáver, lápides, coveiros, hipocrisias, condolências, padre, missa e umas pazadas de terra. Só que, no caso daquele cota esquisito que fez parte dos Jackson 5 (como é mesmo o nome dele?), há mais uma coisa a acrescentar: 17.500 bilhetes gratuitos para assistir ao funeral do senhor. Como estamos a falar de uma cerimónia de respeito, os bilhetes não vão ser vendidos, mas sim sorteados Staples Center e no Teatro Nokia em Los Angeles. Quem não conseguir o bilhete mais desejado (nem que seja na candonga), sempre pode assistir, no dia 7, ao enterro pela televisão.

17.500 bilhetes de borla.

Hum…

Não sabiam cobrar 50 euros pelo raio dos bilhetes? Pensem bem: multiplicando 17.500 por 50 atingimos a bonita quantia de 875 mil euros. Se puserem mais umas bancadas, sobe-se o número de espectadores para 30 mil (a capacidade de muitos estádios de futebol), o que elevaria as receitas para um milhão e meio de euros. Se fizerem a porcaria do funeral num estádio bem grande arranja-se lugar para 60 mil pessoas e os lucros sobem logo para os três milhões de euros.

E as televisões? A família do defunto diz que as televisões que estiverem interessadas, podem difundir as imagens do funeral. E onde é que ficam os direitos de transmissão? Se for cobrado meio milhão de euros pelos direitos de transmissão, não vai ser difícil arranjar uma centena de cadeias de televisão a querer comprar as imagens, o que dá logo mais 50 milhões de euros no bolso. É claro que as televisões vão chiar e dizer que é caro, que é isto, que é aquilo, mas, no final, arranjam sempre patrocinadores que paguem a conta. “O funeral de Michael Jackson é oferecido por: BES, Sagres, EDP - Energias Renováveis, Modelo, Worten, Compal Clássico e Cuecas Baiona”. Soa bem, não soa?

E o caixão? Tanto espaço livre não pode levar com os autocolantes de um par de patrocinadores, como acontece na Fórmula 1? Será que a Red Bull não estará interessada em patrocinar a experiência mais radical que alguém pode ter na porra da vida? Vá, dois milhões de euros e não se fala mais no assunto, mas com direito a uns autocolantes grandinhos na carrinha funerária. Mas é o patrocinador quem paga a rave no final do enterro, para homenagear o que virou presunto.

Como vêem, mesmo em tempos de crise, é fácil fazer dinheiro. Num par de horas, arranjei-vos 55 milhões de euros. Onze milhões de contos em moeda antiga.

Crise? A crise é só para os otários.

NOTA ADICIONAL: Por cá, um tal Manuel Pinho meteu-se a fazer uma pega de caras na arena errada e acabou mortinho para a política. Quando é que fazemos um enterro político decente para a criaturinha? Vá lá, com jeitinho, o Berardo ainda se oferece para patrocinar a brincadeira e até se arranjam 230 palhacinhos de São Bento para animar a malta ou para mandar o morto para o… baralho.

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