terça-feira, 7 de julho de 2009

A MANILHA VAI SECA (47): Costa joga um trunfo

Não digo que António Costa seja a melhor coisa que já aconteceu a Lisboa. Também não sou da opinião que o seu mandato (ou melhor, meio mandato) tenha estado isento de erros ou de projectos equivocados. Mas há que fazer justiça ao senhor quando ele merece.

António Costa sabe perfeitamente que, no dia 11 de Outubro, estará em jogo muito mais do que o seu futuro na Câmara de Lisboa. Se, dias antes, José Sócrates perder as Eleições Legislativas, Costa afigura-se como uma boa alternativa para lhe suceder no lugar de secretário-geral do PS. Só que, para poder sonhar com o lugar de líder do PS (seja em Outubro ou daqui a algum tempo), Costa não pode, de forma alguma, perder a Câmara de Lisboa para Santana Lopes.

Por outras palavras: António Costa joga, no início do Outono, todo o seu futuro político.

Como as sondagens indicam que a competição entre Costa e Santana vai ser muito, muito renhida, o ex-ministro da Justiça e da Administração Interna começa já a jogar alguns trunfos para aniquilar o seu adversário, a quem, de resto, são apontadas inúmeras fragilidades fáceis de apontar. Por exemplo, não é segredo para quem quer que seja que, do ponto de vista financeiro, a presidência de Santana (repartida com Carmona Rodrigues ao sabor do vai-e-vem de gente do Governo) foi um completo descalabro. E António Costa já tratou de, subtilmente, explorar este aspecto.

Como efeito, a Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) veio a público anunciar o início da reabilitação do edifício da sua antiga sede, na Quinta dos Lilases, para onde deverá regressar até ao final do ano, poupando assim 800 mil euros anuais em rendas. Recorde-se que, em 2003 (durante a liderança de Santana), a EPUL foi transferida provisoriamente para umas instalações no edifício Alvalade XXI, sendo que só a mudança de instalações custou a módica quantia de três milhões de euros.

Este pequeno detalhe vai ser um indicador de como será a campanha em Lisboa, com António Costa a insistir na tecla do despesismo exorbitante da gestão de Santana. Aliás, logo desde a altura em que tomou posse, António Costa sempre fez da redução do despesismo da edilidade alfacinha uma das suas bandeiras, pelo que não será de surpreender que surja, num qualquer debate com Santana, com umas folhinhas cheias de números para atirar à cara do seu adversário; se Santana for apanhado desprevenido e não tiver cartas para rebater os frios números de Costa, a eleição estará perdida para o menino-guerreiro, independentemente de as Legislativas poderem transportar o PSD para um novo estado de graça.

Decididamente, a política é um jogo muito, muito previsível.

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