quarta-feira, 3 de junho de 2009

A MANILHA VAI SECA (18): Nunes Correia, o ministro invisível

Todos os governos têm sempre um ou dois ministros, que, por algum motivo, são incapazes de se destacar, seja pela positiva, seja pela negativa, ou por ambos. No executivo de José Sócrates, o ministro-fantasma é, sem dúvida alguma, Francisco Nunes Correia, titular da pasta do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional (nome pomposo).

Nunes Correia foi até à Praia da Arrifana, na Costa Vicentina, onde foi confrontado com um documento, assinado por vários proprietários de escolas de surf, que citavam um despacho do Parque Natural da Costa Vicentina e do Sudoeste Alentejano a ordenar a retirada das instalações das citadas escolas no espaço de dez dias. Curiosamente, Nunes Correia não fazia a mínima ideia da existência deste despacho e, em declarações aos jornalistas, várias vezes disse que o surf é uma mais-valia para a região e que quer a modalidade em força na Costa Vicentina.

Concordo perfeitamente com Nunes Correia, até porque já fui praticante e tenho a perfeita consciência de que se trata, a quase todos os níveis, de uma mais-valia. Se não houvesse, aqui e ali, umas quantas ovelhas negras que acham que a praia é só deles(as), diria mesmo que o surf é uma daquelas modalidades que só tem vantagens (experimentem a sensação de pairar em cima da água e digam-me como é).

Na verdade, o surf até poderia ser melhor aproveitado por vários organismos, designadamente as associações do Programa Escolhas, que poderiam levar mais jovens em situação de risco até à praia para que estes possam ter a possibilidade de descobrir todo um mundo novo e toda uma filosofia de vida que nada têm a ver com a realidade dos bairros ditos problemáticos e dos seus grupos de rua. Se aliarmos a prática do surf à do yoga (que pratico actualmente), os resultados podem ser fantásticos.

Contudo, o que é verdade é que o Parque Natural da Costa Vicentina e do Sudoeste Alentejano está-se nas tintas para o surf, para as escolas e para os surfistas. Mas o que mais surpreende (ou não) é que este organismo também faz o que bem entende à revelia de um ministério ao qual julga não ser necessário prestar quaisquer esclarecimentos.

Agora, vamos ver se Nunes Correia é mesmo homenzinho com eles no sítio e se vai dar um murro na mesa, obrigando a uma solução de consenso que não prejudique nem o ordenamento do território numa das zonas mais bonitas do Algarve, nem as escolas de surf e respectivos praticantes da modalidade.

Se, pelo contrário, Nunes Correia optar por sacudir a água do capote, bem podemos ficar com a certeza que, afinal, toda a gente manda nele. Até mesmo um organismo que deveria dizer “Sim, senhor ministro”.

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