domingo, 7 de junho de 2009

A MANILHA VAI SECA (22): Uma razão óbvia para votar nas Eleições Europeias e para não querer mal à União Europeia

O papel dos Estados Unidos enquanto principal potência política, económica e militar do planeta é algo relativamente recente e que pode ser definido em várias fases distintas.

Actualmente, os Estados Unidos são, para o bem e para o mal, o principal motor da economia mundial, sendo prova disso mesmo o facto de a crise do crédito de risco norte-americano ter arrastado todo o Mundo para uma recessão como não se via há largas décadas. Não obstante, a verdade é que os Estados Unidos só assumem o lugar de principal potencial mundial após o período que vai de 1989 a 1991, anos que marcam a rápida desintegração do Bloco Socialista e, no final, a estranha implosão da própria União Soviética.

Entre 1945 e 1991, o Mundo esteve bipolarizado entre Ocidente e Leste, com os Estados Unidos a assumirem um domínio mais ou menos expresso numa das «metades» e a União Soviética a transformar a sua «metade» num bizarro aglomerado de estados-satélite. Pelo meio, encontrávamos sempre uns quantos não-alinhados, mas, grosso modo, poderíamos dizer que existiam dois grandes blocos no planeta Terra.

Mas… e antes de 1945?

Bem, antes do término da II Guerra Mundial, a primazia mundial discutia-se, essencialmente, em solo europeu. Contudo, os conflitos armados de 1914-1919 e de 1939-1945 acabaram por arrasar, dividir e enfraquecer brutalmente o Velho Continente. De súbito, países como a França, a Grã-Bretanha ou mesmo a (então jovem) Alemanha teriam uma palavra a dizer em termos globais, sendo remetidos a um papel secundário por um newcomer - por uma antiga colónia, para ser ainda mais cru.

Por aqui se percebe que o que, realmente, enfraqueceu a Europa foram as guerras internas, sobretudo os conflitos mundiais. Para além da destruição e da perda de vidas, a Europa provou, neste período, não estar à altura de liderar o Mundo e é por isso que entrou em cena este agente do Novo Mundo, os EUA, que, em ambas as ocasiões, ajudou um dos lados da contenda a desfazer o impasse em que caíra a guerra.

No pós-guerra, as coisas mudaram radicalmente e, aos poucos, a Europa foi percebendo que teria de procurar uma saída para a posição subalterna em que se deixara colocar. Um primeiro passo nesse sentido foi dado em 1951, com a constituição da Comunidade Económica do Carvão e do Aço pelo Tratado de Paris; seis anos mais tarde, em 1957, o Tratado de Roma instituía a nossa conhecida Comunidade Económica Europeia (CEE), a qual, curiosamente, contava com seis países que estiveram em lados opostos na II Guerra Mundial: de um lado, as duas potências do Eixo, Itália e Alemanha (neste caso, apenas a sua metade ocidental, a RFA), e, do outro lado, França, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo.

De súbito, países que lutaram em trincheiras opostas alguns anos antes, apertavam as mãos, chamavam-se «irmãos» e instituíam a paz como garante da prosperidade económica, financeira e social.

Por isso, sempre que criticarem a União Europeia, lembrem-se que este clube dos 27, com todos os seus muitos defeitos, deu-nos uma das mais preciosas dádivas que a espécie humana pode ter: a paz. Agora que os 27 são como irmãos (por vezes, algo quezilentos e ciumentos uns dos outros), não mais guerreiam entre si e não mais veremos sangue derramado dentro das fronteiras daquilo a que chamamos União Europeia.

Eu sei. A UE não é perfeita.

Também sei. Promete mais do que cumpre.

Sim, eu sei. Há irmãos mais velhos que mandam calar irmãos mais novos.

Mas há paz. Pensem nisso.

E, já agora, votem. Em quem quiserem. Desde que votem. Um voto é uma voz que diz: “Eu quero a paz na Europa, eu quero que as guerras de outras eras fiquem confinadas aos livros de História”. Eu voto. Não interessa em quem. Eu amo a paz.

E tu?

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