quinta-feira, 4 de junho de 2009

A MANILHA VAI SECA (19): A verdade de Miss Política de Verdade?

Confesso que sou tomado por violentos estremecimentos sempre que um líder partidário fala em impostos durante uma campanha eleitoral. Em 2002, Durão Barroso falou em “choque fiscal” e, mal se apanhou na liderança do Governo, tratou logo de subir o IVA, usando como desculpa o défice das finanças públicas. Depois, em 2005, José Sócrates prometeu que não ia subir os impostos, mas, uma vez instalado na cadeira do poder, aumentou logo o IVA tendo como justificação o défice das finanças públicas.

Num comício em Viseu, Manuela Ferreira Leite falou de impostos e tratou habilidosamente de cair no mesmo erro dos dois cavalheiros acima citados. Afinal, estamos a falar de, nem mais, nem menos, do que Miss Política de Verdade.

Ora, diz a douta senhora (mas não tão douta como o vosso Doutor Mento) que “a única política concreta que este Governo socialista soube fazer em Portugal foi aumentar os impostos, não fez mais nada”.“Para nós, sociais-democratas, é exactamente o contrário. Nós queremos seguir uma política que conduza à possibilidade de baixar os impostos”, acrescentou ainda a líder «laranja», antes de fazer a ressalva: “Eu não estou a prometer que vou baixar impostos, porque faço uma politica de verdade e do primeiro ao último dia não farei nenhuma promessa que julgo que não vou poder cumprir”.

Para finalizar: “Mas uma coisa é certa: seguirei a política com o objectivo de poder baixar os impostos e quando tiver essa possibilidade é isso mesmo que eu faço”.

Hum…

Gostei do “quando tiver essa possibilidade é isso mesmo que eu faço”.

Não sei se sabem, mas José Sócrates baixou impostos. Baixou o IVA. Mas apenas quando teve “essa possibilidade”. Em 2005, mal chegou ao poder, subiu o IVA de 19 para 21 por cento (na altura, não teve outra possibilidade); três anos depois, com três eleições em mira, baixou de 21 para 20 por cento, quando teve essa possibilidade.

Sabem, o défice das finanças públicas está outra vez descontrolado e não vai cumprir as metas do Plano de Estabilidade e Crescimento. Pois, tal e qual como em 2002 e em 2005.

“Nós queremos seguir uma política que conduza à possibilidade de baixar os impostos”, diz a dita e douta senhora. E, provavelmente, não mente - apenas não diz como é que será essa política que conduz à possibilidade de baixar impostos. Vai na volta, para baixar impostos (por alturas das próximas Legislativas), vai ser necessário, primeiramente, subi-los…


Nota: Só espero estar redondamente enganado. Mesmo.

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