sexta-feira, 26 de junho de 2009

CARTAS SEM NAIPE (2): Fim de ciclo, fim de moda, fim de revivalismo, fim de tudo, FIM!

Confesso que nunca fui apreciador da música do senhor (mesmo!), apesar de lhe reconhecer qualidades como bailarino e showman e de saber perfeitamente que o Thriller (a faixa título do álbum mais vendido do senhor) revolucionou a forma de fazer videoclips. Nunca lhe apreciei a personalidade extravagante, nem o vedetismo e sempre me perguntei porque conseguia vender tanto quando, para mim, o cavalheiro não era nada de especial musicalmente. Sempre foi essa a minha opinião, respeito quem pensar de forma diferente (provavelmente, a maior parte das pessoas), mas não é pelo facto de ele ter partido do mundo dos vivos que vou vê-lo de forma diferente.

Para o bem e para o mal, era daquelas figuras que esteve sempre presente na vida de quem passou pelos anos 80 (especialmente, quem era jovem nesta década louca e de gostos estranhos).

Não senti pela morte de Michael Jackson o mesmo que senti, por exemplo, quando, há alguns anos, cheguei a Portugal de lua-de-mel e soube que Quothon (aliás, Tomas Forsberg) tinha morrido aos 39, também ele vítima de um coração que se recusou a colaborar. Mas não coloco Jackson e Quorton no mesmo patamar: o segundo era, para mim, uma referência musical e um dos ídolos de juventude (sentimento que não morreu quando percebi que, ao contrário das lendas, não tocava todos os instrumentos nos seus álbuns); já o primeiro era uma referência colectiva, cuja presença nos anos 80 foi tão marcante e constante que até me esqueci que, afinal, o homem já tinha 50 anos.

A actual década, que está quase a findar, aprendeu a recordar, apreciar e quase idolatrar as loucuras dos anos 80, depois de a década de 90 ter considerado a sua antecessora como uma fase de mau gosto e parola, ao mesmo tempo que quase venerava os anos 70; na próxima década, quase que aposto que vamos voltar a ouvir Nirvana a toda a hora e a usar aquelas camisas de flanela à Kurt Cobain. A tournée de regresso de Michael Jackson seria uma espécie de despedida do revivalismo dos 80's na forma de despedida (musicial) de um dos maiores íncones pop da década, mas quis o destino que milhões de fãs (nos quais não me incluo) ficassem sem esse gostinho. A vida e as modas não passam de ciclos e Michael Jackson há muito que deixara de ser uma moda. Agora, deixou também de pertencer ao mundo dos vivos. Que descanse em paz.

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