domingo, 21 de junho de 2009

A MANILHA VAI SECA (33): Má metáfora de um mau líder

Admito: na minha humilde (mas não socrática) opinião, Luís Filipe Menezes, como presidente do PSD, foi um erro de casting ao nível da escolha de Pedro Santana Lopes para suceder a Durão Barroso.

Sim, eu sei que o homem lá tem as suas virtudes como presidente da Câmara Municipal de Gaia. Mas, como líder partidário, foi um fiasco sem nome.

Repetiu, vezes sem conta, que tinha as bases do partido do seu lado, mesmo que estivesse a falar de um punhado de presidentes de concelhias e de inúmeros parasitas que pululam pelas estruturas locais do PSD a ver se farejam um tacho aqui ou ali. Mudou o tradicional logótipo do PSD e envolveu-o num fundo azul, que quase me fez pensar que Menezes queria levar o partido à dimensão do CDS-PP. Tal como Sócrates, deu primazia à comunicação em detrimento do conteúdo, mas fê-lo de uma forma que envergonharia o actual primeiro-ministro, que ainda diz duas de jeito no meio de muita propaganda. As suas intervenções públicas tinham, por norma, lugar depois das 21h00 (às vezes, bem depois disso), o que significa que o líder da oposição falava depois dos principais telejornais terem fechado, quando o país estava já todo a ver as novelas da noite (argh!). Escolheu Pedro Santana Lopes para líder da bancada parlamentar do PSD, mas o ex-primeiro-ministro, pelo seu passado político recente, acabou por ser uma presa demasiado fácil para o astuto José Sócrates nos debates quinzenais na Assembleia da República. A aposta na Cunha Vaz para liderar a sua estratégia de imagem produziu frutos notáveis, como a necessidade de Menezes se fazer transportar em carros pretos… sem dúvida, uma questão central quando mais de um quinto da população portuguesa vive na pobreza.

Um dia, Menezes fartou-se das lutas internas e, numa prova cabal de que não tinha estofo para o cargo que ocupava, bateu com a porta numa declaração feita à meia-noite, quando boa parte do país já dormia. Na altura, prometeu uns meses de silêncio sobre a situação no PSD, mas acabou por abrir a boca para criticar meio mundo cedo demais. Disse também que, com as bases na sua mão, o candidato que apoiasse seria o escolhido pelo partido - no final, apoiou Pedro Santana Lopes, que acabou em terceiro lugar nas directas que elegeram Manuela Ferreira Leite e puseram Pedro Passos Coelho na ribalta.

Provas de que Menezes é, na verdade, um flop de todo o tamanho podem ser encontrada até nas mais pequenas coisas. Num debate recente no Clube dos Pensadores de Mr. Joaquim Jorge, Menezes, referindo-se à nova postura de suposta humildade de José Sócrates, considerou que o primeiro-ministro “está a correr grave risco de se descaracterizar completamente”. E adicionou uma curiosa metáfora: “Se Schwarzenegger e Stallone se virassem para a comédia, perdiam 80 por cento dos fãs”.

Pois é, Luís, a metáfora saiu-te mal. Os dois senhores que citaste já tiveram passagens pela comédia - e nada recentes, diga-se em abono da verdade. O Stallone já fez o «Stop! Or My Mom Will Shoot» (tudo bem, foi um fiasco, apesar de eu até não achar o filme nada mau dentro do género), do mesmo modo que o Arnold Schwarzenegger já fez filmes como o «Twins» ou o «Kindergarten Cop». Já tu, Luís, não terás bíceps que te recomendem para filmes de acção, mas terias futuro na comédia (foste uma anedota como líder do partido) e no drama (a tua prestação à frente do PSD foi trágica).

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