quinta-feira, 14 de maio de 2009

JOKER (3): Sócrates em busca de noiva

(Hoje, combato o estado depressivo e confuso em que me encontro com humor e sátira)

José Sócrates está a pensar em arranjar uma noiva. Sim, eu sei. Há aquela moça, a Fernanda, que é jornalista e até é jeitosa (embora não seja propriamente uma Dama de Copas). Mas o que o nosso primeiro deseja é uma noiva para o seu PS, que, daqui a alguns meses, pode precisar de uma companhia para ir às touradas em São Bento, onde touros de cinco ganadarias inimigas investem furiosamente com as suas hastes contra os ilustres forcados do Aposento da Rosa.

José Sócrates quer uma noiva para o seu PS. Não interessa que a noiva seja bonita ou feia, interessa é que faça o PS feliz.

Vai daí, o nosso primeiro veste-se de lavadinho, tira o Ás de Copas da manga e vai tentar seduzir os pais de quatro ilustres noivas.

PRIMEIRA NOIVA: PCP
José Sócrates até tem algumas simpatias por esta moça canhota. O jovem PS também é canhoto, ao que dizem, embora escreva e assine (projectos) com a outra mão. Mas parece que houve alguns problemas entre amigos da rapariga e do jovem PS, que, no último feriado (o 1.º de Maio), andaram à bulha no meio de Lisboa. E dizem as más-línguas que não é a primeira vez que andam à pancada, embora os amigos da jovem PCP sejam sempre os primeiros a partir para a ignorância.
Esta miúda é complicada de génio e tem a mania que não há cartas marcadas e que os baralhos são de toda a gente. Se a contrariam, vai logo para a rua protestar e olhem que ela tem muitos amigos - alguns deles, da pior ralé que se conhece.
O problema é o pai da nova. Jerónimo, ilustre membro da família De Sousa, é um Rei de Paus difícil de quebrar, que não se deixa seduzir por cartas de Ouros. Vai daí, quando o nosso Sócrates vai para pedir a mão da moça, irrompe o furibundo Jerónimo bramindo: “Vai-te embora daqui, mais as tuas malfeitorias! Nunca houve Às de trunfo que tantas vazas cortasse às gentes que trabalham para manter a mesa de jogo a funcionar!”
Palavras não eram ditas e o nosso Sócrates é corrido da casa canhota a chumbos de caçadeira.
“Além do mais, a minha PCP já é casada com um rapaz muito jeitoso e todo ecologista, que separa as embalagens do cartão todos os dias”, disse Jerónimo com os seus botões.




SEGUNDA NOIVA: BE
É uma moça de fino trato, como o próprio Sócrates. E também é canhota. Dizem que tem umas amigas bem giras e até há uma delas, uma Joana não-sei-das-quantas, que já andou a fazer olhinhos ao Soares (o tal velhote, rijo que nem cornos, que diz ser o pai biológico do jovem PS). É uma pequena culta e sabichona, que, se calhar, peca por saber demais e por ser sempre do contra.
O problema é o pai da moça. Agora é doutor catedrático e julga que é o maior da freguesia dele. Fala bem, o homem, mas o nosso primeiro diz que ele diz muitos disparates. O que eu sei é que o Sócrates tem medo do doutor economista, é o que é.
José Sócrates ainda se aproximou da casa da BE das amigas boas, mas desistiu logo da ideia. O pai, o professor Francisco, leva cada vez mais toiros para São Bento e diz-se que, mais ano, menos ano, leva também forcados, cavalos e cavaleiros. Qualquer dia, é ele o primeiro cá do burgo, dá as cartas que lhe convém e manda logo nacionalizar as mesas de jogo que dêem muito dinheiro. E quase que aposto que mudava as regras do jogo para poder casar cartas do mesmo naipe sem haver renúncia.
Não, esta não. Antes burro que me carregue do que cavalo que me derrube.



TERCEIRA NOIVA: CDS-PP
Outra rapariga de bons modos. Embora, em casa dela, volta e meia, andem todos à estalada. Dizem que CDS-PP é católica e devota, que não gosta de poucas-vergonhas, nem de cartas (sobretudo pretas) que venham de outras mesas. E não podemos esquecer que defende, com unhas e dentes, as velhas cartas de Espadas que ficaram marcadas nuns jogos que correram muito mal lá para as bandas de África. José Sócrates não gosta lá muito das ideias da pequena, mas enfim…
O problema é o pai da noiva. O Paulo (que tem um irmão muito amigo da BE das amigas boas) é um homem estranho. Apesar do fino trato e das palavras polidas, trata por tu todas as peixeiras do burgo e não se passa um dia em que não vá fazer as compras da casa no primeiro mercado que lhe surja no caminho. O Paulo gosta de ver a sua filha bem casada (já fez uns quantos enlaces, mas correram todos mal), porquanto que a troco de um bom dote em cartas de Ouros.
José Sócrates ainda pensou que valia a pena arriscar nesta rapariga, mas a moça está tão magrinha e doente, que, qualquer dia, desaparece. Não, o nosso primeiro quer que o jovem PS se case com uma moça que lhe ofereça um ombro amigo, que o apoie nos momentos difíceis.
Não, esta não. Ainda morre antes de chegar ao altar.


QUARTA NOIVA: PSD
José Sócrates estremeceu antes de ir bater à porta desta moça, que mora ali para os lados da Lapa. É uma rapariga grande e espadaúda, tal como o jovem PS, com quem, em tempos, chegou a ter um namorico de um par de anos. Mas esta PSD dá-se com demasiada gente da nobreza, todos eles barões, todos eles avarentos, quezilentos, malvados e sequiosos de cartas de todos os naipes. No meio desta nobreza, entram também uns rufias mal-afamados, como o malcriado do Alberto da Madeira ou o pintas do Pedro Lopes, D. Juan de trazer por casa e Calimero de segunda. “Nesta casa, Espadas é sempre o trunfo”, pensa o nosso José Sócrates.
Quem tem o Ás e a tutela da rapariga não é um homem, mas sim uma senhora, mãe da pequena. Uma senhora? Bem, dizem as más-línguas que a doutora Manuela tem um gato preto, faz poções com asas de morcego e, em vez de andar de carro, anda de vassoura. Dizem que faz magia com as contas da casa, mas o nosso primeiro diz que não passam de truques de ilusionismo barato.
Só que a PSD é uma jovem que não tem pejo em adaptar-se às circunstâncias. Se é para ser uma lady na mesa e uma puta na cama, que venham daí dez cartas. No fundo, é a verdadeira cara-metade do nosso PS, embora nenhum deles goste de admitir quanto gosta do outro.
Todavia, a mãe da noiva já veio fazer exigências: “
Para casares com a minha filha, jovem PS, vais ter de te livrar desses maricas e desses pretos com quem te dás. E vais ter de deixar de andar a brincar aos aviões e aos comboios. A minha filha só brinca às empresas, com umas casinhas piquenas”.
O nosso primeiro, homem que não necessita de yoga para dobrar bem a espinha, pensa, pensa, pensa e lança uma contra-proposta: “Olha, deixemos estar os comboios e os aviões de brincar, que ajudam muitos meninos que não têm nada no Natal. Quanto aos maricas e aos pretos, se é isso que queres, mando-os todos para o quarto escuro do Tarrafal e meto lá também os bandidos dos jornalistas, que têm a mania de me estar sempre a ver o jogo. Temos acordo?”

1 comentário:

Dr. Mento disse...

Esta vaza não pode ficar sem pontos. Regras do blog.