
Quando se imagina um Bloco Central, parte-se do princípio que será uma aliança entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite. Mas esse princípio pode ser uma base pantanosa para analisarmos a questão.
Se as Eleições Legislativas forem ganhas pelo PSD, certo é que José Sócrates pede a demissão do cargo de secretário-geral do PS. Com efeito, ninguém imaginaria Sócrates (ou qualquer outro primeiro-ministro, com excepção de Pedro Santana Lopes) a aceitar uma pasta ministerial depois de ter sido líder de um Governo maioritário.
Se as Eleições Legislativas forem ganhas pelo PS e se o PSD alcançar tal derrota depois de maus resultados nas Autárquicas, certo é que os barões cor-de-laranja irão pedir a cabeça de Manuela Ferreira Leite numa bandeja. Na verdade, há muito que certas vozes pedem a demissão da actual presidente do PSD, mesmo antes de estar ir a votos. Com duas derrotas consecutivas (ou mesmo com apenas uma), ninguém lhe irá perdoar o que quer que seja.
Por isso, as diferenças de feitio entre Sócrates e Ferreira Leite não necessitam de ser postas à prova num eventual Bloco Central, onde só caberá um deles. O outro passa a ser carta fora do baralho.
2 comentários:
Dr. Mento
Pois, o Bloco Central. Sempre o Bloco Central. Por quê? Pela simples razão de que os interesses instalados ordenam que se encontrem soluções que lhes dêem continuidade.
Fomentam-se sondagens, trabalha-se a comunicação, domina-se a justiça e todos os pontos nevralgicos do poder de forma que, com mais ou menos abanões, a estrutura balance mas não caia e, usando a sua linguagem, se baralhe e volte a dar as mesmas cartas.
Mas pode haver uma surpresa, dr.Mento. As tensões sociais serão cada vez mais intensas porque em era de novas tecnologias e de massificação da comunicação, por muito que se manipule tem-se uma cinsciência mais real das desigualdades e das crises que são mais crises para uns que para outros.
Abraço
Bloco Central, PS com D ou sem D... honesto e normal seria fundirem-se num único partido. Assim, partidos em dois, apenas pretendem criar a ilusão de que a democracia está ao nosso alcance quando, na verdade, ela só nos reserva duas soluções iguais. O resto é simples partilha de tachos e lugares bem como a garantia de que nãp serão beliscados os interesses instalados - por isso, existe tanta gente interessada no Bloco Central nesta hora de aperto. Não vá o diabo tecê-las e apareçam outras forças com dimensão de poder!
Um abraço fora de jogo
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