sexta-feira, 5 de junho de 2009

DOIS DE PAUS (2): Vital Moreira (again)

(Este post está em constante actualização por motivos óbvios)

Confessa-vos o Dr. Mento que só em casos muito excepcionais atribui a mais vil distinção que esta mesa de jogo pode atribuir a quem quer que seja. Porém, este Dois de Paus não foi por mim atribuído, mas sim por…

…por uma data de gente que acha que pode mandar umas postas naquela coisa chamada blogosfera, onde, por acaso, todos nós nos encontramos neste momento.

Ok, eu confesso: concordo com o Dois de Paus para Vital Moreira. Mas esta mesa de jogo até nem foi das que mais cartas de Paus deu ao Avô Cantigas que se diz professor, mas que não faz grande questão em dar aulas ou em pôr o rabinho no Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Até vos lembro que, nalgumas ocasiões, elogiei o dito senhor de alvos bigodes.

Bem, deixemo-nos de conversas e vamos ao que interessa. Leiam só algumas frases retiradas de uns quantos blogues (vai na volta, do blogue de alguém que me está a ler neste momento) e digam-se lá se o Dois de Paus não é bem atribuído.

- “A vergonha é muito grande. O candidato basófias afinal cumpre inteiramente a máxima de "a montanha pariu um rato'. como diria o Rei D. Juan Carlos "Por quê no te callas, Vital?". (Pau Para Toda a Obra)

- “(…)mais uma sessão de esclarecimento sobre esta inovação intelectual honestíssima «BPN ou 'roubalheira' do PSD», coisa desbragada de se dizer!, tudo embrulhado no celofane daquele pensamento único, daquela linguagem rasca que o notabilizou para a posteridade. Este Vitral Moreira quebradiço estilhaça com pouco. E vai lavar em cacos o PS.” (PALAVROSSAVRVS REX)

- “Como se não bastasse, José Sócrates cometeu um grave erro de estratégia eleitoral, ao escolher para cabeça de lista às europeias um ex-comunista e ex-estalinista, um Professor de Coimbra que prometia grande elevação no debate (lembram-se?) mas acabou todos os dias a atirar lama sobre partidos e adversários, a fim de tentar esconder a sua inépcia e os inúmeros telhados de vidro do PS…” (31 da Armada)

- “É vergonhoso para Vital e é vergonhoso para a democracia. E os socialistas sabem bem o que é ver o partido responsabilizado ou associado a crimes ou possíveis crimes de militantes e dirigentes seus: Casa Pia, Freeport ou o Caso da Valor Alternativo, da qual são sócios Dias Loureiro e Jorge Coelho, e que, curiosamente, não tem sido propriamente tema de conversa.” (Corta-fitas)

- “Vital Moreira deu um tiro no pé. Insiste em não perceber que deu um tiro no pé e continua com o dedo no gatilho e com a pistola apontada ao pé.” (Delito de Opinião)

- “Mas alguém percebe o desempenho anquilosado e desajustado da campanha eleitoral do PS. Falam a várias vozes e os argumentos são contraditórios. VM desce a um nível que nunca se esperaria de um constitucionalista com o seu currículo. Cada vez menos os militantes se revêem no representante bastardo que lhes impuseram.” (A RODA)

- “(…) facto de dentro de pouco tempo a campanha chegar ao fim e podermos vê-lo pelas costas (ah! se fosse verdade!...) quando finalmente rumar ao Parlamento Europeu, é pequena consolação” (“Cantigueiro”)

- “Vital Moreira (PS) foi completamente desastrado, não conseguindo sequer ser simpático. Sorriso completamente atoleimado, entrando por caminhos que não domina, sem rei nem roque, limitou-se a ser "his master voice" (a voz do dono), que é como quem diz a voz de Sócrates. Paulo Rangel (PSD) aproveitou, e bem, as palermices e a completa ignorância e inaptidão de Vital Moreira. Não teve muito trabalho para ganhar votos. Foi Vital Moreira quem os perdeu.” (.Blog)

- “Vital Moreira achou por bem prolongar a sua vergonhosa insistência no “caso BPN”, afirmando num comício do PS que o PSD se tem de “dissociar daquela situação” sob pena de os eleitores perguntarem “que medo tem o PSD para não se dissociar do caso BPN”. Curiosa teoria: segundo este especialista em Direito, enquanto uma pessoa ou instituição não se “dissocia” de algum acto ou comportamento menos respeitável, então deveremos ser levados a pensar que há razões para pensarmos que eles estão “associados” a eles. Por essa ordem de ideias, o PSD não é apenas responsável pelas “tranpolinices” de “Oliveira e Costa e tutti quanti”: Manuela Ferreira Leite, que eu saiba, não se “dissociou” do Holocausto, e não tardará que os cidadãos se perguntem se ela não será nazi;” (O Insurgente)

- “Em vez da explicação que o mínimo respeito pelo seu eleitorado exigiria, continua a teoria da cabala.” (O país do Burro)

- “No seu Diário de Candidatura, Vital Moreira escreve: "A Marinha Grande nunca me desaponta.". Tendo em conta que, em 1986, Vital Moreira, salvo erro, ainda pertencia ao PCP, alguém que lhe pergunte se este reiterado não desapontamento inclui o happening de 1986 ou se se estava a referir a outra coisa qualquer - à qualidade do vidro ou isso. Se as gaffes (e esta é claramente uma apreciação subjectiva) do candidato tivessem reflexo directo nas sondagens, ou seja, se alguém ligasse ao que Vital Moreira diz, o PS já estava atrás do Bloco.” (jugular)

- “Depois de ouvir o senhor Moreira falar na roubalheira e pedir ao PSD que se demarcasse, não é que destacados socialistas também por lá andaram? Bom, como o homem transpira coerência, logo à noite já vai pedir ao PS que se demarque desta roubalheira.” (Fliscorno)

- "Do lado do PS a surpresa foi o candidato. Quando foi anunciado, pensei que Sócrates tinha escolhido um trunfo. Afinal a campanha demonstrou que Vital Moreira é uma carta fora do baralho. Sairá rapidamente do palco no próprio dia das eleições." (4R – Quarta República)

- "Uma pessoa liga a televisão nestes dias e prepara-se para o pior. O pior é obviamente encontrar Vital Moreira acompanhado de Ana Gomes numa rua qualquer do país. Os eleitores do PS são seres humanos e, portanto, também devem sentir algo assim. Porque o que Vital Moreira diz – esqueçamos Ana Gomes – só a custo se distingue do mais rasteiro populismo." (Papa Myzena)

- "Vital Moreira continua infatigável no seu papel , aquilo a que Edward Said chamou de “elasticidade servil para com o seu campo”. Vital não esquece que é o pretexto de esquerda na campanha socialista. Como o seu secretário geral segrega ideologia de direita com a naturalidade com que a saliva se lhe acumula nos cantos da boca, a protestada pertença à esquerda de Vital soa forçada naquela exibição de efeitos especiais, loas ao poder e fatiota de Beverley Hills. Então Vital inventou uma designação para a outra esquerda, a que recorre sempre que as câmaras lhe dedicam algum espaço: chama-lhe radicais." (A NATUREZA DO MAL)


Enfim, são apenas alguns exemplos retirados meio ao acaso, mas que confirmam uma impressão que já tinha: sucedem-se as críticas a Vital Moreira (especialmente pela associação torpe e mesquinha de todo o PSD ao caso BPN, ignorando que se poderia fazer o mesmo em relação ao PS e a outros casos cabeludos) e escasseiam os elogios. Por isso, o Dois de Paus é bem metido. E se houvesse um Três de Paus, o prémio ia direitinho para José Sócrates pela escolha desastrada e desastrosa do seu cabeça-de-lista.

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