Se recuarem alguns posts, verão que, apesar de elogiar o tacto político de Manuela Ferreira Leite na escolha do cabeça-de-lista do PSD para as Eleições Europeias, não deixo de apresentar algumas reservas quanto à figura de Paulo Rangel.
Apesar de reconhecer algumas qualidades ao dito senhor, não imagino Rangel como a nova estrela do PSD ou da política portuguesa. Se querem mesmo saber, lembro-me, há algum tempo, de uma entrevista que este senhor deu onde menosprezava ao máximo dos direitos dos animais, o que, confesso, me despertou uma certa antipatia pelo sujeitinho. Na verdade, reconheci logo no estilo de Rangel algo que me fez lembrar o pior de Manuela Ferreira Leite: a capacidade de criar milhares (ou milhões) de inimigos com um par de frases. Ferreira Leite conseguiu conquistar o ódio de imigrantes e homossexuais, Rangel ganhou o asco dos defensores dos animais. Se eu fosse dirigente do PSD, desfazia os fracos crânios de ambos a golpes de bengala.
Durante a campanha para as Europeias, Rangel até se portou razoavelmente bem e evitou tenazmente meter o pezinho na argola, coisa que o seu principal rival, o douto Vital Moreira em Coimbra doutorado, se fartou de fazer. Porém, agora que as eleições estão ganhas, Rangel decidiu tirar a mordaça e soltou logo uma daquelas alarvidades que me fazem colocar enormes pontos de interrogação em relação às capacidades políticas deste cavalheiro.
Ao sugerir que o caminho mais provável para o PSD será uma coligação com o CDS-PP, Paulo Rangel está a admitir publicamente que o seu partido não vai conseguir a maioria absoluta, o que é uma boa maneira de desmoralizar as hostes laranja (que, depois de 7 de Junho, andavam com a moral nos píncaros do Universo). Ao mesmo tempo, Rangel dá ao CDS-PP um importante trunfo eleitoral, com Paulo Portas a poder dizer aos seus: “Vejam, vamos voltar para o Governo! Não façam voto útil no PSD para derrubar o Sócrates, votem logo em nós!”
Recordo-vos que, em 2002, Portas usou esse mesmo trunfo como forma de captar mais eleitorado, ainda que Durão Barroso nada tivesse dito acerca de eventuais coligações com quem quer que fosse. Na verdade, em 2002, Portas abordou o tema de uma coligação com o PSD para obrigar Barroso… a coligar-se com o CDS-PP, se não quisesse ficar totalmente isolado num Parlamento hostil. Agora, em 2009, Portas nem se precisa dar a esse trabalho, porque um ex-militante do seu partido já o fez por si.
Além do mais, há uma fatia do eleitorado do PSD que não suporta o CDS-PP e/ou Paulo Portas e que poderá muito bem optar por dar o seu voto a outro partido. Por exemplo, ao PS...
Paulo Rangel será o próximo líder do PSD? Não. Não lhe falta comer muita papa Maizena. Falta-lhe, isso sim, uma mordaça na boca, para não dizer mais disparates.
Notícias Ao Fim Da Tarde
Há 3 horas
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