Há alguns dias, alertei-vos para a necessidade de não se deixarem deslumbrar pelo novo Sócrates humilde que surgiu na última entrevista que deu à SIC. Na altura, disse-vos igualmente que o actual primeiro-ministro, depois de uns valentes dias a jogar à defesa (com o autocarro estacionado à porta da baliza) iria partir para o contra-ataque quanto antes.
Hoje, dia 24 de Junho, José Sócrates foi, pela última vez nesta legislatura, ao Parlamento, para participar no tradicional debate quinzenal com os deputados da nação. E, como manda a tradição, lá surgiram novos anúncios de novos apoios sociais, para tentar adoçar a boca ao eleitorado, que, no dia 7, mostrou estar demasiado amargurado com este Governo.
Assim sendo, segundo anunciou José Sócrates, haverá “um aumento extraordinário em dez por cento do valor de todas as bolsas de acção social escolar no ensino Superior”, sendo que “esta medida beneficia um em cada cinco estudantes, num total de 73 mil; e o aumento anual da bolsa poderá chegar aos 700 euros no caso dos estudantes mais carenciados que estejam deslocados da sua família”.
Parece-vos bem?
Mas há mais: “Os estudantes bolseiros da acção social que se encontrem em mobilidade internacional ao abrigo do programa Erasmus vêem aumentado em 50 por cento o valor da sua bolsa Erasmus, mantendo totalmente o direito à bolsa de acção social durante a estada no estrangeiro”.
O homem está generoso, não está?
E podemos continuar com “a redução em 50 por cento da assinatura mensal dos transportes urbanos, que hoje abrange os alunos até aos 18 anos, passará também a beneficiar os estudantes do Ensino Superior, qualquer que seja a instituição, pública ou privada. O passe será válido em mais de 120 operadores de transportes a nível nacional, a que acrescem os transportes de iniciativa municipal que a ele aderirem. Estamos perante uma medida que apoia as famílias em despesas essenciais, ao mesmo tempo que incentiva o uso dos transportes públicos”.
Há muito que os apoios sociais são um dos trunfos mais usados pelo PS. Durante toda a campanha para as Legislativas de 2002, Ferro Rodrigues fartou-se de falar no Rendimento Mínimo Garantido (actual Rendimento Social de Inserção) como uma das bandeiras dos Governos de António Guterres, dos quais, aliás, Ferro fez parte. José Sócrates poderá partir para a campanha eleitoral seguindo a mesma linha, mas com muito mais apoios concedidos (praticamente, podemos dizer que houve novos apoios anunciados a cada debate quinzenal na Assembleia da República).
Sócrates é um animal político e garanto-vos que, até às Legislativas, vai-se fartar de distribuir benesses como bombons. Esta táctica tem especial revelo quando Manuela Ferreira Leite opta pelo discurso de “não há dinheiro para nada, nada se faz, nada se dá”. Claro está, Ferreira Leite já acenou com a diminuição da despesa pública para poder reduzir impostos, mas, se querem saber a minha opinião, neste campo, Sócrates vai antecipar-se a Miss Política de Verdade…
Notícias Ao Fim Da Tarde
Há 3 horas
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