quarta-feira, 8 de julho de 2009

O EDITOR VAI A JOGO (10): 100

Eis-nos chegados ao centésimo post do ONZE DE ESPADAS, a obscura sala de jogo onde uma enigmática criatura, que diz ser um tal Dr. Mento, deixa fluir para a pena estranhos pensamentos que lhe atormentam a alma. Já antes o fazia, mas os jornais em papel, com as suas limitações de espaço, caracteres e outras, não eram o local ideal para que a liberdade se expressasse da forma adequada.

Confesso-vos que o rumo que este blog tomou não era aquele que, inicialmente, havia planeado. De certa forma, imaginei que este espaço seria somente um local de sátira, de escárnio e maldizer, onde, pela via do humor, tentava colocar sal em algumas feridas da sociedade e da vida política portuguesa. Isto sucedeu na época em que os meus posts eram publicados em simultâneo com a minha actividade como jornalista, a qual, como decerto já se aperceberam, acabei por cessar há algum tempo (de forma voluntária). Quando deixei de ter um espaço físico, em papel, para tentar desmontar e analisar certos episódios do dia-a-dia de um país, senti, de certa forma, um vazio, que acabou por ser preenchido aqui, no ONZE DE ESPADAS. É por isso que, actualmente, os textos de humor são bem menos do que as análises mais a sério, sendo estas últimas uma sequência lógica daquilo que eu já escrevia numa certa coluna, numa certa publicação.

No passado, já tive alguns blogs, mas nenhum me deu tanto prazer, nem exigiu tanto de mim como o ONZE DE ESPADAS. Contrariamente a blogues que analisam o dia-a-dia quase ao minuto (e muitos deles estão entre os que mais visito e admiro), esta casa de jogo pretende análises mais profundas sobre cada momento, o que justifica que os textos sejam publicados com uma ligeira distância em relação aos acontecimentos: É esse tempo que me permite reflectir sobre um dado assunto e captar aqueles detalhes e aquelas perspectivas que uma análise mais a quente não é capaz de apanhar. No fundo, o ONZE DE ESPADAS pretende ser um espaço de reflexão, porque me obriga a pensar e porque quer deixar quem o lê a pensar (nem que seja pela via do humor).

Neste momento, nem sei ainda ao certo quais as minhas expectativas em relação a esta casa de jogo, que optei por manter de portas abertas mesmo após uma violenta crise de inspiração (é a minha faceta de escritor a revelar-se) que me fez questionar tudo. Não sei o que será o futuro e mal sei como tem sido o passado. Mas sei que estou a gostar disto, justo eu, que rapidamente me desapego em relação a quase tudo (menos àqueles que, de facto, estão sempre comigo em pensamento).

Ao longo de uma centena de posts, notei que houve gente que gostou, de facto, daquilo que eu ia escrevendo. E é isso que me dá um ânimo extra para continuar. Embora, de certa forma, esteja um pouco a escrever para mim mesmo e para não perder a mão, também não é menos verdade que o faço para outras pessoas, mesmo que, muitas vezes, não saiba quem elas são, do mesmo modo que quase ninguém sabe quem é, na verdade, o misterioso Dr. Mento (no máximo, uma ou duas pessoas).

Bem, findo este momento de divagação, resta-me agradecer a todos pelo apoio que me têm dado desde Abril, pelos muitos conselhos e até pelos reparos e críticas construtivas, sem esquecer os elogios, que sabem sempre bem (o meu ego é pequeno, anda um pouco ferido, mas ainda vai existindo).

A todos, beijos e abraços, consoante a preferência.

(E agora, vamos aos posts que interessam)

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