Enquanto redigia o post anterior, veio-me à mente um facto curioso relacionado com Miguel Vale de Almeida, Joana Amaral Dias e os nomes «oficiais» dos políticos portugueses. O texto que se segue é apenas uma mera curiosidade inútil, mas que serve para desmistificar uma questão relacionada com nomes à esquerda e à direita, a qual até já foi parodiada pelos Gato Fedorento.
Diz-se que, por tradição, um político de esquerda deve utilizar apenas um nome e um apelido - por norma, o primeiro e último, respectivamente. Se olharmos para os partidos do lado esquerdo do hemiciclo, encontramos inúmeros exemplos que corroboram esta «tradição»: Jerónimo de Sousa, Manuel Alegre, Francisco Louçã, António Guterres, Miguel Portas, Odete Santos, Ana Drago, João Soares, Mário Soares, Jorge Sampaio, Bernardino Soares, Fernando Rosas, Ana Gomes, António Costa, Heloísa Apolónia, Vítor Constâncio, Álvaro Cunhal, Jaime Gama, Elisa Ferreira, Luís Fazenda… e por aí adiante.
Já na direita, em especial no PSD, as supostas «regras» são bem diferentes, com o privilégio pela opção de um nome (muitas vezes omitido no dia-a-dia) e dois apelidos. E não faltam exemplos desta «tradição»: Manuela Ferreira Leite, Aníbal Cavaco Silva, Francisco Pinto Balsemão, Francisco Sá Carneiro, Pedro Santana Lopes, Joaquim Magalhães Mota, Nuno Morais Sarmento, Paula Teixeira da Cruz, Luís Marques Mendes, António Carmona Rodrigues, Marcelo Rebelo de Sousa… e ficamos por aqui. Aceitável, no PSD, é ainda a «norma» dos dois apelidos antecedidos por dois nomes, como sucede com José Manuel Durão Barroso ou José Pedro Aguiar-Branco.
Curiosamente, o CDS-PP nunca foi englobado na regra dos de nome-apelido ou na de nome-dois apelidos, havendo uma certa divisão em matéria de nomes. Assim, de um lado, encontramos Adelino Amaro da Costa, António Bagão Félix (que, na verdade, só foi militante por pouco tempo), José Ribeiro e Castro, Jaime Nogueira Pinto, Miguel Anacoreta Correia, Luís Nobre Guedes e até Diogo Freitas do Amaral (que há muito deixou de contar pela direita). Mas os adeptos do nome-apelido também têm muita força, como comprovam Paulo Portas, Nuno Melo, Celeste Cardona, Manuel Monteiro, Telmo Correia ou Diogo Feio.
Contudo, a verdade verdadeira é que esta suposta «regra» dos nomes nunca teve qualquer cunho oficial, facto que explica porque é que existem bastantes excepções em ambos os lados (sobretudo, no PS e no PSD). Com apenas dois nomes, encontramos sociais-democratas como Paulo Rangel, Isaltino Morais, Valentim Loureiro, Pedro Lynce, Miguel Cadilhe, Leonor Beleza, Fernando Nogueira, Fernando Seara, António Capucho, Rui Rio, Álvaro Barreto, Fernando Negrão, António Mexia, Roberto Carneiro… e há muitos mais.
Já na esquerda, o que não falta são políticos a utilizar a regra de um nome e dois apelidos, a começar por Eduardo Ferro Rodrigues, Fernando Teixeira dos Santos, Guilherme d’Oliveira Martins, Nuno Severiano Teixeira, Francisco Nunes Correia, Augusto Santos Silva, Pedro Silva Pereira (neste caso, Pedro nem é o primeiro nome dele, mas sim o segundo), José Vieira da Silva, António Correia de Campos, Joaquim Pina Moura, José Vera Jardim, Luís Capoulas Santos, António de Almeida Santos… ou, se quiserem acrescentar mais dois nomes, temos os protagonistas do post anterior, Miguel Vale de Almeida e Joana Amaral Dias.
Em ambos os lados, há igualmente aqueles que optam por dois nomes e um apelido, como Maria de Lurdes Rodrigues, Luís Filipe Menezes, Alberto João Jardim ou Luís Filipe Pereira.
Claro que, nesta lista, falta um nome óbvio: O do actual primeiro-ministro. Sucede que o cavalheiro em questão utiliza, por norma, os seus dois nomes próprios, situação que é bastante rara, mas não totalmente inédita, já que, por exemplo, os deputados comunistas António Filipe e Miguel Tiago também o fazem.
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