O PSD já deu por encerrado o processo de escolha das candidaturas às Eleições Autárquicas de 11 de Outubro. Neste momento, já estão definidas as candidaturas para os 307 concelhos onde os sociais-democratas irão apresentar-se a votos, havendo apenas um único concelho que não contará com um candidato e listas do PSD: Barrancos.
Em declarações à Lusa, o coordenador da comissão autárquica social-democrata, Manuel Castro Almeida frisou que, “em Barrancos, temos três militantes. Poderíamos inventar um candidato, isso seria muito fácil para o PSD, mas seria um candidato a fingir porque não traduziria uma opção local”. “Optámos pela natureza local das eleições locais e por uma política de verdade. Não há projecto local, não há candidatos locais”, explicou ainda.
Esta postura do PSD não deixa, de certa forma, de ser meritória. Em Barrancos, o PSD tem uma expressão quase nula e, sem projecto ou sem gente para concorrer, não vale a pena inventar um candidato de fora para marcar presença nas Autárquicas. Barrancos é uma vila alentejana longe de tudo e todos, muito mais próxima de Espanha do que do resto do Alentejo, ao ponto de, em tempos idos, as crianças apenas aprenderem a falar português quando iam para a escola - antes de se sentarem nos bancos da escola, os petizes falavam apenas o peculiar castelhano de Barrancos, que, garanto-vos, não é fácil de perceber. Se o PSD inventasse um candidato de fora da terra, este seria sempre olhado como um pára-quedista, um gajo qualquer que apareceu ali, vindo do nada, a tentar a sua sorte nesta Câmara esquecida nos confins do Alentejo.
Contudo, seria interessante se o PSD e outros partidos aplicassem o exemplo de Barrancos a outros concelhos. Sim, porque o que não falta por aí é gente que se candidata a uma dada Câmara apenas porque foi ali que conseguiu arranjar uma vaga, que, com um pouco de sorte, até termina em tacho. E há inúmeros exemplos de pára-quedistas, que, sem fazerem a mais pequena ideia de onde estão, se candidatam a Câmaras Municipais.
Querem um exemplo? Lembremos o glorioso dia em que Edite Estrela, candidata à Câmara Municipal de Sintra, foi fazer campanha pelo PS para Queluz de Baixo, que não só não pertence à cidade ou à freguesia de Queluz, como também não integra o concelho de Sintra, mas sim o de Oeiras. Edite Estrela aceitou o repto para liderar os destinos de um concelho que conhecia tão bem como eu conheço os princípios básicos da termodinâmica nuclear aplicada à engenharia genética. E ganhou porque o anterior edil, o social-democrata Rui Silva, foi das piores coisas que algum dia passou por qualquer órgão autárquico no Portugal democrático.
Esta história passou-se em Sintra, com a candidata do PS. Mas, se percorrermos o resto do país, decerto iremos encontrar outros exemplos semelhantes, provenientes deste e doutros partidos. E se formos às listas distritais para a Assembleia da República, veremos pérolas destas como grãos de areia numa praia… e não estou a falar de uma praia da Costa de Caparica (OK, a piada era desnecessária).
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