Primeiro, Deus fez a Terra. Depois, fez a espécie humana. Por fim, para que tudo fosse perfeito, inventou o YouTube.
(Estranha entrada para um ateu convicto)
Se há invenção que me fascina é o YouTube.
Já passou muito tempo desde os tristes dias de há duas décadas, quando tínhamos que esperar pelo telejornal das 20h00 para podermos saber as novidades do dia devidamente ilustradas com imagens. Muitas vezes, se não chegássemos a tempo de ver os telejornais da RTP 1 ou da RTP 2 (este último, passava bastante mais tarde), saberíamos as novidades do dia nos matutinos do dia seguinte.
Hoje, somos bombardeados de informação a toda a hora e todo o momento. A Internet teve um papel fundamental neste fluxo de informação, mas, nos tempos das ligações por telefone a 56k (ou ainda mais lentas), mais não tínhamos do que meros jornais digitais com um resumo de notícias (apenas em texto) da Lusa. Desde 2005, com a chegada do YouTube (que surge numa altura em que as ligações rápidas já eram uma realidade em muitos lares), o fluxo de imagens ganhou uma nova dinâmica: acontece uma polémica e, segundos depois, as imagens estão no YouTube.
Se Saddam Hussein tivesse sido executado nos anos 80, o máximo a que teríamos direito seria a umas fotografias, que estariam nos jornais, na melhor das hipóteses, no dia seguinte. Foi o que sucedeu quando Nicolae Ceauşescu foi executado no dia de Natal de 1989. Contudo, a morte de Saddam teve direito a outros requintes, já que uma qualquer alminha gravou as imagens da execução do ditador com um telemóvel e tratou logo de as colocar no YouTube. Na manhã do dia 30 de Dezembro de 2006, já meio Mundo havia visto Saddam a ser enforcado.
O fluxo de imagens no YouTube permite-nos ter acesso a uma tal quantidade de informação que, por vezes, o papel do jornalista se torna irrelevante. A peixeirada entre Marinho Pinto e Manuela Moura Guedes não necessitou de grandes palavras, porque toda a gente pode vê-la e revê-la as vezes que entendeu - mesmo quem não estava a ver a TVI às 20h00 daquela sexta-feira. O mesmo sucedeu agora, com os famosos cornos de Manuel Pinho. O mesmo sucedeu antes, com a guerra entre uma professora e uma aluna na Escola Secundária Carolina Michaëlis. O mesmo sucedeu …
… em dezenas de outros casos.
Hoje, tudo se sabe e tudo se vê, porque há uma coisa chamada YouTube. Hoje, já ninguém nos diz o que aconteceu - passam-nos o link para o vídeo, que já está no YouTube.
Deus inventou o YouTube, porque, como ser omnipresente e omnipotente, queria saber tudo. Mas lixou-se, porque deve ter havido um Prometeu qualquer que lhe gamou o segredo e o entregou aos homens, fazendo deles os novos deuses.
E em boa hora o fez.
O que eles disseram faz agora dez anos
Há 1 hora
1 comentário:
Dr.Mento
E graças ao You Tube nós podemos hoje imortalizar o Manuel Pinho que, para além de ser um colosso do disparate (o maior de todos os tempos), culminou a sua brilhante carreira fazendo um gesto à maneira ao Bernardino Soares.
E a candura com que o homem lança as bojardas e faz os gestos? Uma delícia. Acho que lhe devemos uma estátua.
Viva o You Tube!
Abraço
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