(Texto escrito após reler o post anterior e revisto após sugestão do APS)
Quando, um dia (muito) mais tarde, os historiadores fizerem um balanço do que foi o XVII Governo Constitucional, é bem possível que denominem este executivo de «Governo tesoura». De facto, olhando para estes mais de quatro anos de governação de José Sócrates, parece indubitável que os cortes foram a grande marca da acção de inúmeros ministérios.
Vejamos:
- Mariano Gago (Ciência, Tecnologia e Ensino Superior): Primeiro, CORTOU a Universidade Independente do panorama do ensino superior particular. Depois, fez o mesmo à Universidade Moderna e agora repete-se com a Universidade Internacional de Lisboa e da Figueira da Foz.
- Maria de Lurdes Rodrigues (Educação): Tratou logo de CORTAR as escolas que funcionavam em locais com poucos habitantes, que, sem estabelecimentos de ensino, ficam condenados a ter ainda menos gente no futuro. Para implementar o seu modelo de avaliação de docentes, CORTOU a direito e passou por cima de toda a gente, causando a ira de pais, professores, alunos, sindicatos, portugueses e estrangeiros residentes em Portugal.
- Ana Jorge (Saúde): Tem as tesouras mais ou menos guardadas, depois de o seu antecessor, Correia de Campos, ter CORTADO urgências hospitalares e maternidades como se não houvesse amanhã e de se ter tornado tão impopular que acabou CORTADO da lista de ministros. Já Ana Jorge meteu-se numa guerra com a Associação Nacional de Farmácias a propósito da possibilidade de serem vendidos genéricos mesmo contra a vontade do médico e decidiu CORTAR as vazas à malta da ANF.
- Manuel Pinho (Economia e Inovação): Graças à acção implacável da ASAE, CORTOU já inúmeros cafés e restaurantes dos guias de restauração, o que é interessante para um membro de um Governo que diz querer apoiar a criação de emprego e de empresas. Diz graçolas enquanto empresas CORTAM empregados por todo o País. Encolhe os ombros quando mais empresas decidem CORTAR de vez a produção, deixando milhares de pessoas no desemprego. É espantoso ver que José Sócrates não CORTOU este gajo do executivo.
- Augusto Santos Silva (Assuntos Parlamentares): Por ele, CORTAVA-SE o pio a todos os jornalistas e órgãos de comunicação social.
- Francisco Nunes Correia (Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional): Para começar, já se CORTAVA um pouco do nome do ministério, que é difícil de escrever, dizer e memorizar. Mas Nunes Correia preferiu CORTAR nas multas a certos poluidores, designadamente empresas (as suiniculturas de todo o País agradecem).
- Fernando Teixeira dos Santos (Finanças): Após o seu antecessor, Luís Campos e Cunha (o primeiro a ser CORTADO do Governo), ter subido o IVA, Teixeira dos Santos aproveitou a onda eleitoral para CORTAR um por cento ao imposto mais cego do Mundo. Lançou uma vasta série de iniciativas de modernização administrativa com o famoso SIMPLEX, que pretende, claro está, CORTAR nas burocracias. Nacionalizou o BPN, mas CORTOU-SE a fazer o mesmo em relação ao BPP, cujos clientes bem podem ir a Fátima de joelhos se quiserem que alguém olhe por eles. Inicialmente, pôs a máquina fiscal a recuperar toda e qualquer dívida em atraso (real ou imaginária), de molde a conseguir CORTAR violentamente no défice das contas públicas. CORTA o cabelo bem curtinho. Diz-se que, a breve trecho, poderá ser o próximo governador do Banco de Portugal, o que significa que Vítor Constâncio será, finalmente, CORTADO do cargo.
- Jaime Silva (Agricultura e Pescas): CORTOU nos subsídios a agricultores e pescadores, mas o que ele gostava mesmo de fazer era CORTAR do mapa de Portugal a agricultura e a pesca. Também já CORTAVA o bigode.
- Alberto Costa (Justiça): CORTOU às postas o que restava da credibilidade da justiça.
- Mário Lino (Obras Públicas, Transportes e Comunicações): CORTA fitas e vai a inaugurações. CORTOU-SE por causa de uma piada sobre aeroportos na Margem Sul do Tejo e acabou por ter se engolir um sapo de avantajadas dimensões.
- Vieira da Silva (Trabalho e Solidariedade Social): Uma vez que não consegue CORTAR no desemprego, CORTOU estatisticamente largos milhares de desempregados das listas do IEFP. A reforma da Segurança Social significa que muitos portugueses, no futuro, sofrerão violentos CORTES nas suas reformas.
- Rui Pereira (Administração Interna): O seu antecessor, António Costa, CORTOU direitos e mais direitos às forças de segurança, antes de se CORTAR do Governo e ir para a Câmara de Lisboa. Agora, Rui Pereira ameaça CORTAR do mapa algumas esquadras da PSP, mesmo se o ambiente do País, em termos de segurança, está de CORTAR à faca.
Assim, de memória, são estes os principais cortes que fixei.
Mas, claro está, temos ainda o nosso amigo José Sócrates, o homem que anunciou publicamente ter CORTADO o tabaco dos seus hábitos diários, depois de ter sido apanhado a exercer o feito vício num avião fretado pelo Estado. Tem vontade de CORTAR a cabeça aos miseráveis dos jornalistas que escarafuncham na merda para revelar pontos um tanto ou quanto obscuros do seu passado. CORTA todas as saídas à oposição, especialmente nos debates quinzenais na Assembleia da República, mas, nos últimos tempos, já se viu obrigado a CORTAR caminho para não perder a dianteira nas sondagens.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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2 comentários:
Caro Dr. Mento
Muito bem observado esta lista de CORTES, omitiu um as MATERNIDADES.
De qualquer, modo os meus parabéns!
cumprimentos
APS
Dr.Mento
Há cortes que têm que ser feitos apesar da ideia de cortar ser desagradável não só para os atingidos como para todos os que gostam de se opor.
O problema não estará tanto nos cortes mas na justeza das medidas. Se cortassem o salário ou as mordomias dos altos gestores eles protestariam mas seria uma medida justa. Se cortassem os abusos das operadoras de comunicações e das instituições financeiras, também me parceria bem.
Por isso, os cortes têm que existir mesmo com toda a celeuma que levantam. O problema está em ver para que lado é que cortam.
Abraço
P.S. Gostei do post e estou a gostar do novo look do espaço.
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