(Entre pôr a foto dele ou a dela, optei, naturalmente, pela da Cláudia)
Cláudia Jacques e Paulo Rangel.
Nada em comum, para além do branco dos olhos.
Ou não?
Na verdade, Cláudia Jacques e Paulo Rangel têm em comum o facto de serem os expoentes máximos de novas expressões, novos usos, novos costumes e novas idades.
Não, não enlouqueci.
O Dr. Mento explica.
Aos 44 anos, Cláudia Jacques foi a capa da segunda edição da Playboy portuguesa. Em 2008, havia sido capa da Maxmen, revista para a qual pousou, logicamente, com mais alguma roupa vestida, embora sempre com a ajuda de algum Photoshop.
Aos 41 anos, Paulo Rangel é o cabeça-de-lista do PSD às Eleições Europeias, um ano depois de ter sido nomeado presidente do grupo parlamentar social-democrata. Apesar de ter desempenhado o cargo de Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Justiça no efémero Governo de Pedro Santana Lopes, foi com Manuela Ferreira Leite que saltou para a primeira linha da vida política portuguesa.
Ainda não conseguiram descortinar as semelhanças?
Vou continuar com a minha explicação.
Por norma, entendemos que a capa da Playboy deve estar reservada, salvo raras excepções, a mulheres jovens, bonitas e boas. Quanto ao segundo e terceiro adjectivos, nada a apontar quando associados a Cláudia Jacques (alguém discorda?). Quanto ao primeiro adjectivo… bem, em tempos, a Cláudia Jacques seria apelidada de «cota», mas, nos dias que correm, é, na verdade, uma jovem. Uma miúda de 44 anos.
Por norma, entendemos que os principais cargos políticos devem ser desempenhados por pessoas experientes e olhamos, de imediato, com desconfiança, quando um jovem ocupa um desses mesmos lugares de responsabilidade. No fundo, todos desejamos e pedimos renovação na vida política portuguesa, mas, no final do dia, queremos é as mesmas velhas figuras de sempre, os eternos velhos peidos da III República nos seus poleiros bafientos. Quando Paulo Rangel surge na liderança do grupo parlamentar do PSD e no primeiro lugar da lista às Europeias, de imediato muito velho peido franziu as sobrancelhas. “Quem é este miúdo de 41 anos que se atreve a levantar a crista, quando deveria estar em casa a comer a sua Maizena preparada pela mamã?”, perguntam eles.
Com o aumento da esperança média de vida, as nossas concepções de criança, jovem, adulto, meia-idade e velho sofreram transformações brutais, mesmo que, muitas vezes, não nos apercebêssemos. Ainda há não muito tempo, os 40 eram aquele limite em que a juventude se esfumava para todo o sempre, para darmos entrada na horrenda meia-idade de todas as crises. Hoje, os 40 são mais uma década de juventude que se segue à dos 30. Os 20, esses, começam a parecer uma espécie de segunda adolescência, até porque o aumento do número de anos de estudo, aliado a uma entrada tardia e periclitante no mercado de trabalho, faz com que as gentes dos 20’s sejam olhados como adultos que não o são.
Do mesmo modo, já não usamos a expressão «um velho de 60 anos». Na verdade, só começamos a fazê-lo com pessoas na casa dos 70. Aliás, acredito que, dentro de alguns anos, a idade média da reforma estará fixada nos 70 anos, o que até faz bastante sentido tendo em conta a cada vez mais tardia entrada no mercado de trabalho e a cada vez maior esperança média de vida.
Hoje em dia, a esperança média de vida na União Europeia é de 78,67 anos, valor um pouco acima dos 78,21 que temos em Portugal. Nos Estados Unidos, chega mesmo aos 79,01 e, no Japão, aos 82,12 anos.
Neste contexto, Cláudia Jacques e Paulo Rangel têm algo em comum: Cada um no seu mundo, representam este Portugal dos jovens de 40, onde já não há adultos de 20, nem velhos de 60.
Belles toujours
Há 1 hora
2 comentários:
Dr.Mento
Rejuvenesci a ler este post. O que é certo é que se impõe uma nova estratificação das idades porque há pessoas muito jovens a dobrarem o que antes se chamava a meia idade.
Mas deixe-me dizer-lhe uma coisa, a juventude depois dos 60 ou 70 é só para quem tem qualidade de vida. Isto é: uma alimentação equilibrada, exercício físico e todo um conjunto de apoios e de lazeres que não estão à disposição da grande maioria dos portugueses com pensões de miséria.
Abraço
Dr. Mento
A minha amiga SUSANA FALHAS é sócia duma firma de turismo que pretende desenvolver um turismo de avlorização da cultura e do património.
Vai promover, no mundo virtual, uma blogagem colectiva sobre a ALDEIA DA MINHA VIDA com textos originais de quem ama o nosso património e a nossa cultura.
Sei que o Dr.Mento é um autêntico guru sobre estas áreas. Que me diz de participar?
Abraço
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