(Hoje vou deixar as sátiras de parte. O assunto que se segue é demasiado grave e já o senti bem na pele)
Não é um feriado qualquer. É o 1.º de Maio. A tal data em que todos nós que, de alguma forma, somos ou fomos trabalhadores, sentimos um frio na barriga. É o nosso dia, o meu dia, o teu dia, independentemente do sexo, idade, opção política, orientação sexual, religião ou preferência clubística. Todos somos trabalhadores, do Presidente da República ao cantoneiro da Câmara.
Mas é também um dia em que devemos reflectir sobre a condição do trabalhador nos nossos dias.
Por isso, este post é dedicado a um milhão de trabalhadores precários que existem num Portugal que se diz europeu e moderno. Um milhão de pessoas que, em troca de trabalho a tempo inteiro, assinam o fatídico recibo verde (que, curiosamente, é mais para o azul) que confere ao trabalhador um único direito: O de se ir embora. Isto se, claro está, esse mesmo trabalhador não tiver assinado previamente um contrato de prestação de serviços, que o obriga a dar 30 dias de trabalho à casa se quiser abandonar a situação de escravatura consentida em que se encontra.
Estamos a falar de um milhão. Um milhão de pessoas que não tem direito a férias e nem tão pouco ao respectivo subsídio. Um milhão de pessoas sem acesso ao subsídio de Natal. Um milhão de pessoas que não tem direito a subsídio de desemprego se perder o seu posto de trabalho. Um milhão de pessoas que não tem direito a baixa médica. Um milhão de pessoas que, se engravidar, não tem direito a subsídios e licenças de parentalidade e que, no caso dos pais, nem sequer terá direito a ir à maternidade assistir ao nascimento do filho. Um milhão de pessoas sem direito a descontos para a Segurança Social. Um milhão de pessoas sem direito a higiene e segurança no trabalho. Um milhão de pessoas sem direito a seguro de acidentes de trabalho.
Um milhão de pessoas que não são pessoas. São coisas descartáveis.
A 25 de Fevereiro de 1869, a escravatura foi abolida em Portugal. Foi mesmo?
Por isso, neste 1.º de Maio, dedico este post a todos os que fazem parte de um milhão que só nos envergonha enquanto povo. Não por culpa deles, os tais que compõem esse milhão, mas graças à incúria de sucessivos Governos, que sacudiram a água do capote como se nada tivessem a ver com o assunto. Se os nossos políticos tivessem de assinar um recibo verde ao final do mês, garanto-vos que, em Portugal, já ninguém andava com o fatídico caderninho da desonra no bolso…
Não é um feriado qualquer. É o 1.º de Maio. A tal data em que todos nós que, de alguma forma, somos ou fomos trabalhadores, sentimos um frio na barriga. É o nosso dia, o meu dia, o teu dia, independentemente do sexo, idade, opção política, orientação sexual, religião ou preferência clubística. Todos somos trabalhadores, do Presidente da República ao cantoneiro da Câmara.
Mas é também um dia em que devemos reflectir sobre a condição do trabalhador nos nossos dias.
Por isso, este post é dedicado a um milhão de trabalhadores precários que existem num Portugal que se diz europeu e moderno. Um milhão de pessoas que, em troca de trabalho a tempo inteiro, assinam o fatídico recibo verde (que, curiosamente, é mais para o azul) que confere ao trabalhador um único direito: O de se ir embora. Isto se, claro está, esse mesmo trabalhador não tiver assinado previamente um contrato de prestação de serviços, que o obriga a dar 30 dias de trabalho à casa se quiser abandonar a situação de escravatura consentida em que se encontra.
Estamos a falar de um milhão. Um milhão de pessoas que não tem direito a férias e nem tão pouco ao respectivo subsídio. Um milhão de pessoas sem acesso ao subsídio de Natal. Um milhão de pessoas que não tem direito a subsídio de desemprego se perder o seu posto de trabalho. Um milhão de pessoas que não tem direito a baixa médica. Um milhão de pessoas que, se engravidar, não tem direito a subsídios e licenças de parentalidade e que, no caso dos pais, nem sequer terá direito a ir à maternidade assistir ao nascimento do filho. Um milhão de pessoas sem direito a descontos para a Segurança Social. Um milhão de pessoas sem direito a higiene e segurança no trabalho. Um milhão de pessoas sem direito a seguro de acidentes de trabalho.
Um milhão de pessoas que não são pessoas. São coisas descartáveis.
A 25 de Fevereiro de 1869, a escravatura foi abolida em Portugal. Foi mesmo?
Por isso, neste 1.º de Maio, dedico este post a todos os que fazem parte de um milhão que só nos envergonha enquanto povo. Não por culpa deles, os tais que compõem esse milhão, mas graças à incúria de sucessivos Governos, que sacudiram a água do capote como se nada tivessem a ver com o assunto. Se os nossos políticos tivessem de assinar um recibo verde ao final do mês, garanto-vos que, em Portugal, já ninguém andava com o fatídico caderninho da desonra no bolso…
6 comentários:
Dr.Mento
Obrigada por esse seu grito em nome de tantos que não têm voz.Mas deixe-me acrescentar ainda o grito daqueles que auferindo um salário, e até tendo um contrato de trabalho, pedem ajuda ao Banco Alimentar porque o salário não dá para sobreviver.
Deixe-me juntar ao seu grito o grito daqueles que trabalham sem horários, a grandes distâncias de casa, deixando os filhos pequenos entregues à sua sorte porque o salário não dá para pagar a quem fique com eles.
Deixe-me juntar ao seu grito o grito daqueles que estão no desemprego e que almejam um trabalho.
Deixe-me juntar ao seu grito o grito de licenciados em boas Faculdades e com boas notas de curso que estão no desemprego enquanto os filhos de certos senhores, mesmo com cursos de aviário, estão sempre bem colocados.
O País tem que ser dirigido pelos mais capazes e competentes. A igualdade de oportunidades, que foi comemorada em 2007 como sendo o Ano Europeu da igualdade de oportunidades, não passa de letra morta.
Por isso ainda quero juntar um grito derradeiro: o grito de cerca de um milhão de deficientes que pode realizar-se através duma profissão que os faça sentir vivos bem como de todos aqueles que por motivos de serem portadores de doenças "malditas" como o HIV se sentem relegados para o fundo da sociedade em direitos quando, muitos deles, têm valências e capacidades sub-aproveitas.
O meu grito já vai fundo.
Abraço
Esta é uma forma bem visível de Exclusão Social.
Que o povo saia à rua!
Necessária reflexão!
Um alerta urgente, enquanto os números do desmprego continuam a subir! E, mais estaranho, em dias em que ter um emprego precário, é uma dádiva!!!!
Pois é Amigo,
Hoje é o dia em que, sobretudo, devemos reflectir sobre a condição dos trabalhadores precários e dos desempregados dos nossos dias.
Infelizmente, a sociedade globalizada em que vivemos tomba ao mínimo espirro vindo lá das bandas do States... e, as consequências desse espirro sofrem-nas na pele os trabalhadores e principalmente os desempregados.
Um abraço amigo, com votos de continuação de bom fim de semana,
Maria Faia
Tocas num ponto bem importante e que demonstra como a celebração do 1º e Maio, faz ainda todo o sentido.
Há ainda muita exploração e muitas injustiças que é urgente eliminar.
Dr. Mento
Concordo consigo, hoje as pessoas são consideradas coisas descartáveis, pela economia... mas não só!
"Quando a barriga está vazia a voz é rouca", já diziam os antigos..
Isto porque cada vez é menor o poder de negociação de quem tem apenas o seu trabalho para vender. Muita gente, é cada vez mais, "obrigada" a aceitar condições menos dignas de trabalho e retríbuição, porque em casa o pão escasseia, porque mais vale pouco que nenhum, ou porque para se conseguir melhor é preciso adquirir experiência nem que seja a troco de remuneração zero.
Ontem, muitas pessoas aproveitaram o feriado para sairem com os filhos, apanharem sol ou participarem nas actividades lúdico-recreactivas que comemoraram o dia do trabalhador. Por onde andei, não ouvi gritos revoltados reclamando por justiça, mas rostos preocupados, desmotivados e tristes, a unica luzinha de esperança que vi, foi a do brilho dos sorrisos das crianças que brincavam inocentemente, alheias às grandes preocupações e frustações dos pais.
Antes, a população acreditava que os partidos e os sindicatos tinham também por missão, fazir ouvir bem mais alto, a voz do povo...
Hoje, já vão sendo raros os que acreditam, e até as vozes roucas já se calam.
Um abraço
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